Por Raquel Ulhôa – Valor Econômico
BRASÍLIA - O vice-presidente da República, Michel Temer, disse, no programa partidário do PMDB que foi ao ar na TV na noite de ontem, que o país mostrará ser confiável ao assumir e corrigir os erros. Diz que o país passa por dificuldades econômicas e políticas que são superáveis, mas considera imprescindível unir forças e colocar o Brasil acima de qualquer interesse partidário ou motivações pessoais.
As crises econômica e política permearam os dez minutos do programa do PMDB, que foi ao ar ontem, em cadeia nacional de rádio e televisão. O tema mais presente nas falas é a necessidade de reunificação das forças para recolocar o país no rumo do crescimento. Não há menção à presidente Dilma Rousseff nem ao fato de a legenda integrar o governo da petista. O próprio Temer só é identificado como vice-presidente em letras pequenas, exibidas acima do seu nome e abaixo da palavra "Brasil".
Em formato de jogral, lideranças de todo o país criticam o aumento de impostos e a falta de propostas para tirar o país da crise. Temer, presidente nacional do PMDB, abre as falas dos políticos e encerra o programa, que conta com depoimentos de ministros - exceto Kátia Abreu (Agricultura) -, governadores, deputados federais, senadores, algumas lideranças partidárias regionais e os presidentes do Senado, Renan Calheiros (AL), e da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ).
Durante todo o programa, o fundo do cenário é preto, cor do terno da apresentadora, Fernanda Hamacek, que, de coque, já na abertura dá o tom solene do recado político. "O Brasil enfrenta uma crise econômica, que já resulta em recessão e desemprego, e uma crise política que retarda a mudança desse cenário. Os efeitos dessa combinação? Uma sociedade angustiada, à espera de soluções, cansada de sempre pagar a conta, pessimista diante do nó que não se desfaz. É hora de deixar estrelismos de lado. É hora de virar esse jogo, de reunificar os sonhos", diz ela.
Em seguida, a primeira fala de Temer. "O Brasil passa por um período difícil na economia, assim como por dificuldades políticas. Todas superáveis. Imprescindível unir forças, colocar o Brasil acima de qualquer interesse partidário ou motivações pessoais. Crise se enfrenta com união, coragem, determinação e retidão. É nesse contexto que devemos pensar o Brasil. E cabe a nós, representantes de todos os setores da sociedade, o dever de construir agora um amanhã cada vez melhor."
O governador do Rio Grande do Sul, Ivo Sartori, diz que "a verdade é o melhor remédio para eliminar a dor causada pelo desencanto e pela falta de perspectiva".
O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), afirma que "a instabilidade política e os impasses criados a partir dessa instabilidade têm prejudicado a nossa economia" e que, "sem uma definição, sem apontarmos um rumo, o país fica à deriva".
O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, pede união dos governos estaduais, para "ajudar a estabelecer uma direção segura para o Brasil. A verdade é que estamos todos juntos, todos no mesmo barco".
Deputados aparecem com falas curtas, que se completam, com críticas indiretas ao governo.
Renan Calheiros afirma que "governos passam, e o Brasil sempre vai ser maior do que qualquer governo". E continua: "O que a gente precisa defender são os interesses do país." Eduardo Cunha diz que "chegou a hora da verdade; chegou a hora de escolher que Brasil queremos".
Cabe ao líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), falar diretamente do papel do PMDB na crise. "Nada mais natural do que o maior partido do Brasil propor o diálogo e encaminhar mudanças para recolocar o país no rumo do crescimento."
A mensagem é reforçada pelo presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Moreira Franco. "Foi assim [o papel do PMDB] na volta da democracia, na estabilização da nossa moeda, nos avanços sociais dos últimos anos. E vai ser assim também agora, na reunificação do país. O PMDB forte faz você forte, o Brasil forte."
Para encerrar, Temer fala que "assumindo e, acima de tudo, corrigindo erros, mostraremos a todos que somos um país confiável". Diz que já conviveu com situações bem mais difíceis do que a atualmente vivida pelo país e tenta transmitir uma mensagem positiva, exaltando a força, o espírito de solidariedade e a capacidade de reagir dos brasileiros, que lhe dão a certeza de que, unidos, "vamos vencer essa batalha" e "fazer o Brasil reencontrar o caminho do desenvolvimento".
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