• PMDB aumenta sua participação no governo, enquanto tenta se descolar para voo solo em 2018
Fernanda Krakovics - O Globo
Essa não é a primeira vez que o PMDB critica a política econômica de um governo do qual faz parte e ameaça desembarcar. O partido divulgou oficialmente ontem o documento “Uma ponte para o futuro”, na contramão do que vem sendo implementado pela presidente Dilma Rousseff.
Os peemedebistas fizeram o mesmo em março de 2004, no início da gestão Lula. O pano de fundo era a pressão por mais ministérios. Agora, o partido tenta o malabarismo de aumentar sua participação no governo, ao mesmo tempo em que deseja se descolar de uma administração impopular e preparar candidatura própria para 2018.
Um dos personagens centrais continua sendo o presidente do PMDB, Michel Temer, dessa vez com atuação pública mais discreta, devido ao cargo de vice-presidente da República. Há 11 anos, quando a Executiva Nacional do partido divulgou uma nota com críticas à política econômica, Temer foi um dos porta-vozes da ameaça de rompimento.
O texto “Uma ponte para o futuro” foi gestado quando um processo de impeachment contra Dilma parecia iminente, e Temer seria o beneficiário imediato. Esse clima político refluiu, e o PMDB amenizou o tom beligerante.
O ensaio de independência feito ontem acontece 46 dias depois de o partido ter conquistado o disputado Ministério da Saúde. É dessa contradição e da divisão interna entre governistas e oposicionistas que o PMDB tira sua força, ficando com um pé em cada canoa.
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