• Alexandra afirmou ao Ministério Público que houve ‘agressões recíprocas’
Giselle Ouchana e Alessandra Duarte - O Globo
O secretário de Governo do Rio, Pedro Paulo, pré-candidato do PMDB à prefeitura em 2016, disse ontem que o episódio com sua ex-mulher, em 2000, tratou-se de uma briga do casal. Ele classificou o episódio como um momento de “descontrole” diante de uma traição descoberta por Alexandra Marcondes Teixeira.
— Foi um episódio familiar, de descontrole nosso, um momento difícil da nossa separação, em que nos descontrolamos e chegamos a ter alguma agressão — disse, ressaltando que ela esteve no Ministério Público e pediu que o caso fosse arquivado. — A partir desse depoimento dela, achei que era de bom-tom pedir desculpas publicamente. Não nego o erro que cometi.
Na terça-feira, Alexandra confirmou ao Ministério Público ter sido agredida por ele em 2010, mas disse que o que houve foram “agressões recíprocas”. Advogado de Alexandra, Paulo César Fabra Siqueira afirmou ao GLOBO que a declaração dada agora ao MP “prevalece” sobre qualquer outra.
Em 2010, à Polícia Civil, ela disse ter sido agredida por Pedro Paulo com socos e chutes. O inquérito está com o procurador-geral de Justiça, Marfan Martins Vieira, que poderá arquivar o caso ou enviá-lo à Procuradoria-Geral da República, pois Pedro Paulo, deputado federal licenciado, tem foro privilegiado.
No último dia 16, a assessoria de Pedro Paulo enviou ao GLOBO documento que teria sido assinado por Alexandra e no qual ela afirma que suas acusações não passaram de “invenções”. No dia 23, Fabra Siqueira afirmara, segundo a “Folha de S.Paulo”, que sua cliente declarava “nunca ter assinado documento com esse teor”. Ontem, no entanto, ele disse ao GLOBO que não poderia falar sobre esse documento:
— Não vi (o documento), não posso dizer se é verídico ou não. O que acompanhei foi a ida dela ao MP, em que ela disse não desejar desdobramento do caso.
Segundo o advogado, ao MP sua cliente não comparou a agressão sofrida por ela com a sofrida por Pedro Paulo. Siqueira também disse não ter visto os laudos de 2010 do Instituto Médico-Legal — que apontaram que Pedro Paulo tinha esfoliações provocadas por unhas, Alexandra tinha equimoses e escoriações em diversas partes, como rosto, pescoço, braço e perna, além de “edema traumático” na mão esquerda.
Sobre o entendimento de que o Ministério Público pode agir, o advogado de Alexandra disse ser uma tese “possível”. Perguntado se o caso se enquadrava na Lei Maria da Penha, disse: “não sei”.
Já ao ser perguntado se a projeção de Pedro Paulo não constrangeria Alexandra, Siqueira disse que não:
— A projeção política do Pedro Paulo é do Pedro Paulo, não dela.
Pedro Paulo disse que não faria do caso uma “discussão de eleição”. O “descontrole”, para ele, não se enquadraria na Lei Maria da Penha por ter sido episódio único:
— Associar isso a ato de violência doméstica, continuado, de comportamento violento, em hipótese alguma posso admitir, porque não é a minha atitude.
O MP não se pronunciou. (Colaborou Maria Elisa Alves)
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