Por Andrea Jubé - Valor Econômico
BRASÍLIA - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que participará da campanha à sucessão presidencial em 2018 como cabo eleitoral ou candidato. Em quase uma hora de discurso no encerramento da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar, ele disse que não admitirá o impeachment da presidente Dilma Rousseff nem que "corrupto" o acuse de corrupção. Ele ainda criticou o relator do Orçamento de 2016, deputado Ricardo Barros (PP-PR) que sugeriu cortes no programa Bolsa Família.
"Não estou candidato, faltam três anos para as eleições. Mas Deus queira que apareçam no nosso meio três, quatro ou cinco candidatos. Nem que eu tenha apenas um minuto de vida, se estiver concorrendo contra nós um projeto conservador, que tenha como objetivo acabar com as coisas que fizemos, estarei na campanha como cabo eleitoral ou como candidato", avisou, à plateia estimada em mil pessoas, que respondeu com gritos de "Lula outra vez".
O ex-presidente disse que é alvo de ataques porque os adversários temem sua candidatura. "Vocês sabem que o momento em que a presidente Dilma tem vivido não é o melhor e os ataques que estou sofrendo não são à toa. Eles estão dando de barato que a Dilma acabou e agora vamos acabar com o Lula porque esse tal de Lula pode voltar em 2018".
Em um momento em que a Polícia Federal e o Ministério Público Federal intensificam investigações de desvios de recursos públicos em seu entorno, tendo como alvos seu filho, Luís Cláudio Lula da Silva (na Operação Zelotes), e amigos, como o empresário José Calos Bumlai, Lula disse que é mais honesto do que qualquer um que o acusa.
"Não vou mais admitir que corrupto me chame de corrupto. Todos esses que ficam nos acusando, se colocarem um dedo no outro, não dá 10% da minha honestidade nesse país", reagiu.
Ele ironizou o acampamento de manifestantes pró-impeachment diante do Congresso Nacional. "Temos de dizer pra quem quer o impeachment da Dilma que eles têm o direito de querer ter um presidente da República, mas que aprendam a exercitar a democracia e ganhem as eleições".
O ex-presidente ainda criticou o relator do Orçamento de 2016, que sugeriu reduzir a verba do programa Bolsa Família no próximo ano em R$ 10 bilhões. "Por que essa pessoa, ao invés de cortar dos pobres, não propõe cobrar mais dos ricos, taxar as grandes fortunas?"
Durante o discurso, Lula defendeu o seu legado, citando a realização de programas voltados para a população mais pobre como Fome Zero, Bolsa Família e Luz para Todos.
Na abertura do evento, a ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, saiu em defesa do ex-presidente. "Querem dizer que o senhor é culpado, pois nós achamos que o senhor é culpado, mas de ter tirado o Brasil do mapa da fome, de ter criado o Bolsa Família, de ter reduzido a mortalidade infantil", afirmou.
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