Em represália a Picciani, Cunha articula sucessão de líder do PMDB
• Presidente da Câmara se irritou com movimentação do líder do partido para sucedê-lo na Casa
Tânia Monteiro - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), irritado com a movimentação do líder do PMDB, Leonardo Piccini (RJ) que já está trabalhando pela sua sucessão no comando do Legislativo, começou a articular a derrubada do deputado peemedebista da liderança da sigla. Na noite de quarta-feira, depois de saber do encontro de Picciani com a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, Eduardo Cunha foi ao Palácio do Jaburu, se queixar ao vice-presidente Michel Temer e a outras lideranças do partido.
Embora não esteja ameaçando, neste momento com a liberação do processo de impeachment da presidente Dilma, Eduardo Cunha avisou também que não vai facilitar a vida do governo nas votações que estão para acontecer e que são consideradas fundamentais para o governo garantir o ajuste fiscal, como a DRU e o projeto de repatriação. O Planalto tem grande interesse na aprovação desses dois projetos por considerá-los fundamentais para dar um sinal positivo para o mercado de que conseguiu recompor sua base no Congresso. Só que na quarta-feira, não conseguiu mostrar esta força, antes mesmo das novas promessas de retaliação de Cunha, pelo aceno que está fazendo a Picciani.
"Se ele está trabalhando pela sucessão no comando da Câmara, cargo que não está vago e que só irá desocupar em 2017, é porque não quer permanecer na liderança do partido", desabafou Eduardo Cunha a Temer e aos companheiros de partido. " Então, precisamos começar a tratar da sucessão da liderança dele", emendou Cunha, que lembrou que Picciani está em contato com PP e PR, entre outros partidos da base aliada, para articular esta sucessão no comando da Câmara.
A desculpa oficial para que Dilma atendesse Picciani e seu pai, o presidente da Assembleia do Rio, Jorge Picciani, foi que eles pedem a antecipação de recursos dos royalties de petróleo, recursos que consideram fundamentais para atender os municípios do Rio, em ano pré-eleitoral. Mas Cunha e os caciques do PMDB sabem que Picciani está tentando, na verdade, se projetar nacionalmente e se cacifar para sucedê-lo na Presidência da Câmara. Para conseguir apoio de seus correligionários e garantir votos para a sucessão de Cunha está usando os cargos do Ministério da Saúde, não só em Brasília, como em todo o País, onde emplacou Marcelo Castro.
O que mais irritou Cunha foi saber que a presidente Dilma e outros ministros teriam manifestado preferência por Picciani na sucessão da Presidência da Câmara e demonstrado que farão uma espécie de vista grossa a essa mobilização, já que o Planalto não quer e não pode se envolver diretamente nesta questão. Além disso, o Planalto sabe que uma discussão sobre sucessão na Câmara, neste momento, pode ajudar a complicar a já conturbada relação com Cunha, que em vários momentos ameaça desencadear o processo de impeachment contra a presidente Dilma.
Cunha e Picciani, que antes eram próximos, se afastaram definitivamente depois que o líder peemedebista começou as articulações para sucedê-lo e começou a procurar o governo para se apresentar como um dos articuladores da legenda. Ao mesmo tempo, Picciani procurou o vice-presidente tentando uma reaproximação, tendo em busca o futuro, que defende que poderia conduzi-lo à presidência da Câmara.
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