Daniela Lima - Folha de S. Paulo
BRASÍLIA - Os seis governadores do PSDB, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e a cúpula nacional da sigla no Parlamento unificaram o discurso a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Mas, apesar dos acenos públicos de integrantes da sigla ao vice, Michel Temer, houve uma decisão de relegar o veredito sobre um apoio ao governo do peemedebista para um segundo momento.
O posicionamento único de todas as instâncias da sigla foi informado na noite desta quinta-feira (10), após encontro que reuniu todos os principais nomes da legenda em Brasília.
A adesão dos governadores ao movimento que prega o afastamento de Dilma é inédito e representa uma guinada. Muitos integrantes do PSDB que comandam Estados vinham evitando tratar do assunto abertamente.
"Há um sentimento hoje convergente dentro do PSDB de que as razões objetivas para o que o impeachment venha a ser aprovado pela Câmara e o Senado estão colocadas", afirmou Aécio.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, acompanhou a fala de Aécio e, depois, reforçou o discurso. "A posição dos governadores é a mesma: impeachment não é golpe", afirmou.
Mais cedo, o paulista havia dito que o PT era o "rei dos pedidos" de afastamento, já que questionou os mandatos de todos os ex-presidentes desde a redemocratização até a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010).
FHC
Numa fala rápida, FHC disse que os motivos apontados na ação que tramita na Câmara são suficientes para justificar o impeachment de Dilma. Ao falar sobre o assunto, ele citou o vice-presidente Michel Temer (PMDB) como um dos especialistas que atestaram essa tese.
"São [suficientes]. O impeachment, como diz o vice-presidente Michel Temer no seu livro, e outros juristas, é um processo jurídico-político. Desrespeitar reiteradamente a Lei de Responsabilidade Fiscal tendo em vista benefícios eleitorais é uma razão consistente", disse.
O ex-presidente, porém, ponderou que é preciso haver "clima" para o afastamento acontecer. "Se não houver, não há razão que derrube um presidente eleito", concluiu.
Aécio afirmou que o PSDB vai apoiar e acompanhar há as manifestações de rua e defendeu que o Congresso só volte a despachar sobre o impeachment a partir de janeiro. A justificativa é de que é preciso dar tempo para a sociedade avaliar o assunto.
Na verdade, os tucanos apostam na deterioração do quadro social e econômico no próximo ano para engrossar o caldo das discussões sobre o impeachment.
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