• Ex-presidente desafia procuradores a apresentar provas de que ele é corrupto e afirma que denúncia apresentada anteontem pelo MPF faz parte de um golpe
Em um discurso de mais de uma hora, entrecortado por choro e cheio de comparações com figuras históricas como Jesus Cristo, Tiradentes e Getúlio Vargas, o ex-presidente Luiz Iná- cio Lula da Silva desafiou procuradores da Lava Jato a apresentar provas de que ele é corrupto. “Eles têm que aprender que a única coisa de que tenho orgulho é que conquistei o direito de andar de cabeça erguida nesse país. Provem uma corrupção minha que irei a pé até a delegacia para ser preso.” Acompanhado por dezenas de aliados, ex-ministros, parlamentares, advogados e dirigentes petistas, Lula afirmou que a denúncia apresentada anteontem é mais um lance do “golpe tranquilo e pacífico” que começou com o impeachment de Dilma Rousseff. “Tenho uma história pública conhecida. Acho que só ganha de mim aqui no Brasil Jesus Cristo.” Nota aprovada pelo PT com ataques ao procurador Deltan Dallagnol trata representantes do Ministério Público Federal como “burocratas facciosos” que “buscam concluir o trabalho sujo encomendado pelas forças reacionárias”. Advogados de Lula prometem reclamar no Conselho Nacional do Ministério Público.
‘Provem corrupção minha e irei a pé ser preso’, diz Lula
• Lava Jato. Ex-presidente reage à denúncia por corrupção e lavagem de dinheiro com ataques à força-tarefa; petista desafia procuradores e afirma ser vítima de perseguição
Ricardo Galhardo Álvaro Campos – O Estado de S. Paulo
Em um discurso de mais de uma hora, interrompido pelo choro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva desafiou ontem os procuradores da Operação Lava Jato a apresentarem provas de que ele tenha cometido algum ato de corrupção. Lula se disse vítima de perseguição e de um “golpe” para impedi-lo de se candidatar em 2018.
“Eles têm que aprender que a única coisa que tenho orgulho é que conquistei direito de andar de cabeça erguida nesse país (choro). Provem uma corrupção minha que irei a pé até a delegacia para ser preso. Pensei que estava em outro país”, disse o ex-presidente em pronunciamento na reunião do diretório nacional do PT, em hotel na região central de São Paulo.
Acompanhado de dezenas de aliados, ex-ministros, parlamentares, advogados e dirigentes petistas, Lula afirmou que a denúncia apresentada anteontem pelos procuradores da Lava Jato é mais um lance do “golpe tranquilo e pacífico” que, segundo ele, teve início com o impeachment de Dilma Rousseff.
“Eles construíram uma mentira, uma inverdade, um enredo de uma novela. Já cassaram o (Eduardo) Cunha, já elegeram o (Michel) Temer pelo golpe, já cassaram a Dilma, agora precisa concluir a novela. Quem é o mocinho e o bandido? Vamos dar um fecho: acabar com a vida política do Lula.”
Lula falou pouco sobre o mérito da denúncia. Voltou a repetir que não é dono do triplex no Guarujá nem do sítio em Atibaia, e reclamou do que chamou de truculência da Lava Jato com sua família. Por diversas vezes ele pediu respeito com a ex-primeira-dama Marisa Letí- cia, também acusada formalmente pelo Ministério Público.
O ex-presidente se comparou a Jesus Cristo e diversas figuras históricas como os também ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart. “Não tenho a vocação de Getúlio de me dar um tiro, nem do Jango de sair do País. Se eles quiserem me tirar vai ter que ser na urna.”
Ao argumentar que sua vida pública é conhecida da maioria do povo brasileiro, o petista citou Jesus Cristo. “Tenho uma história pública conhecida. Acho que só ganha de mim aqui no Brasil Jesus Cristo.” Em outro momento se comparou a Tiradentes. “É que nem as ideias de Tiradentes. Não adiantar matar, esquartejar, as ideias ficaram no ar e 30 anos depois conquistamos a independência.”
‘Burocracia’. O ex-presidente fez críticas diretas e ataques indiretos aos procuradores da Lava Jato. Ele classificou funcionários públicos concursados, a exemplo dos integrantes do Ministério Público, como a “burocracia” que impede os avanços das ações de governo ao contrário da “honesta” classe política, que precisa se submeter ao escrutínio das urnas. “A profissão mais honesta é a do político. Por mais ladrão que ele seja, tem que ir pra rua, encarar o povo e pedir voto. O concursado não.”
Segundo Lula, os procuradores também estão sujeitos à lei. “Não é que somos mais honestos, mas tiramos da sala o tapete que escondia a corrupção desse país. Ninguém está acima da lei, nem um ex-presidente, nem o procurador da República.”
Uma nota aprovada pelo PT com ataques ao procurador Deltan Dallagnol tratou os representantes do MPF como “burocratas facciosos” que “agora buscam concluir o trabalho sujo que lhes foi encomendado pelas for- ças reacionárias”. “Seu objetivo é retirar da cena política o principal líder do povo brasileiro.” A defesa do petista anunciou que vai remeter reclamação ao Conselho Nacional do Ministé- rio Público acusando os procuradores de desvio de finalidade.
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