Por André Ramalho – Valor Econômico
RIO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), foram cautelosos ao comentarem a denúncia do Ministério Público Federal contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Cumprindo agenda eleitoral, no Rio, os dois criticaram a gestão do PT ao longo dos últimos anos, mas evitaram ataques mais diretos e duros a Lula.
FHC disse que não lhe cabe comentar o discurso do petista de que a denúncia do MPF tem como objetivo impedir a candidatura de Lula em 2018. O tucano classificou as declarações de Lula como um desabafo de quem "passa por um momento difícil" e disse, ainda, lamentar que uma pessoa com a trajetória como a do ex-presidente Lula tenha "chegado a esse momento".
"Sou uma pessoa cautelosa. É preciso ver o que o Judiciário diz. Uma coisa são as acusações, depois é que vem o processo de provas, verificar o que é certo e o que é errado... Eu fico só como espectador", disse Fernando Henrique, a jornalistas, após participar de almoço em apoio à candidatura do tucano Carlos Osório à Prefeitura do Rio.
Já Aécio Neves afirmou que não tem condições de avaliar "a retórica do Ministério Público", sobre a declaração do procurador Deltan Dallagnol de que Lula era o "comandante máximo" do esquema de corrupção identificado na Lava-Jato. Mas destacou que existem "questões objetivas" nas acusações do MPF e que caberá ao ex-presidente petista responder à Justiça e ao "conjunto dos brasileiros" sobre as acusações.
Um pouco mais incisivo, o senador tucano, no entanto, fez suas críticas ao PT, ao dizer que falta ao partido a "grandeza" de reconhecer seus "equívocos e ilegalidades". "Se o PT escolheu a narrativa da vitimização, do golpe, pois bem, que [os petistas] trabalhem nessa seara. A nossa narrativa será a da reconstrução do país", afirmou.
O senador voltou a atacar os erros de gestão dos governos petistas ao longo dos últimos anos, ao dizer que a crise atual tem como "nome e sobrenome" a "incompetência e irresponsabilidade" do PT. O discurso foi replicado por FHC.
O ex-presidente tucano disse que nunca foi favorável a interromper mandatos, mas que o "mal-estar" da situação político-econômica do país é resultado dos "erros na condução da política" que levaram à "paralisia" do governo e ao impeachment de Dilma Rousseff.
"O impeachment foi consequência não só de ter havido um desrespeito a algumas normas constitucionais como a paralisação do governo. O fato é que, infelizmente para o Brasil, e contra a minha torcida, os governos recentes levaram o pais a uma situação de desespero", afirmou.
FHC disse, ainda, que o impeachment é "página virada". E alfinetou, ainda, o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ao classificar a cassação do ex-deputado, aprovada esta semana, como um fato "sem consequências históricas maiores".
"É uma página virada. Os dois casos [impeachment de Dilma e cassação de Cunha] são páginas viradas: um com consequências nacionais e o outro com consequências mais restritas, que abalam mais os eleitores dele [Cunha], que são aqui do Rio", comentou.
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