Por Mariana Caetano, Fernanda Pressinott, Bettina Barros, Camila Souza Ramos, Cristiano Zaia e Fernando Lopes – Valor Econômico
SÃO PAULO, BRASÍLIA E RIO - Com a perspectiva de que o clima será favorável nesta safra 2016/17, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que a produção de grãos finalmente vai atingir entre 210,5 milhões e 214,8 milhões de toneladas, até 15,3% maior que no ciclo 2015/16.
Se confirmada, a produção representará um novo recorde e vai colaborar para ampliar exportações, reduzir a pressão dos alimentos sobre a inflação e recuperar as margens de empresas de carnes de frango e suína. Além disso, deve dar impulso ao Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária no primeiro semestre, quando se concentra a colheita.
Em decorrência da quebra da safra 2015/16, o PIB da agropecuária registrou quedas de 3,7% de janeiro a março e de 3,1% no segundo trimestre deste ano. Alexandre Mendonça de Barros, economista da MB Agro, está entre os que acreditam que, se a recuperação da colheita de grãos se confirmar, o PIB da agropecuária poderá registrar altas superiores a 5% no primeiro e no segundo trimestres de 2017.
De acordo com a Conab, o crescimento é baseado na expectativa de melhor produtividade das culturas, mas para algumas delas também se espera aumento de área. No total, o cultivo deverá alcançar de 58,5 milhões a 59,7 milhões de hectares - aumento de 0,3% a 2,3% ante a safra 2015/16.
Entre os grãos mais representativos, a maior elevação está prevista para o milho, que sofreu o pior golpe da seca e do calor em 2015/16. Nas contas da Conab, a safra de verão de milho crescerá pela primeira vez em três anos.
Uma safra para animar a economia
Com a perspectiva de que o clima será mais favorável que no ciclo 2015/16, bastante prejudicado por intempéries em diferentes regiões, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que a produção de grãos finalmente vai superar a marca de 200 milhões de toneladas no Brasil nesta safra 2016/17.
Divulgado ontem, o primeiro levantamento da autarquia referente à atual temporada, que está em fase de plantio, indicou um volume total entre 210,5 milhões e 214,8 milhões de toneladas, até 15,3% maior que o da passada - que parou em 186,3 milhões, uma queda de 10,3% em relação a 2014/15. Conforme os cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume colhido neste ano foi ainda mais magro: 183,9 milhões de toneladas.
Se confirmada, a previsão da Conab para 2016/17 representará um novo recorde e vai colaborar para ampliar exportações, reduzir a pressão dos alimentos sobre a inflação, recuperar as margens de empresas de carnes de frango e suína e turbinar o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária no primeiro semestre, quando se concentra a colheita.
Em razão da quebra em 2015/16, o PIB da agropecuária brasileira caiu 3,7% de janeiro a março e 3,1% no segundo trimestre deste ano, segundo o IBGE. Alexandre Mendonça de Barros, economista da MB Agro - braço da consultoria MB Associados -, está entre os que acreditam que, se a recuperação da colheita de grãos se confirmar, o PIB da agropecuária poderá registrar altas superiores a 5% no primeiro e no segundo trimestres de 2017, mesmo que a pecuária amargue algum retrocesso.
Pesa nessa estimativa, que também inclui culturas perenes como cana-de-açúcar, café e laranja, o fato de o intervalo previsto pela Conab para a nova safra ser, inclusive, ligeiramente superior à projeção inicial para 2015/16, que oscilava de 210,3 milhões a 213,5 milhões.
"A recuperação também terá reflexos positivos sobre o valor bruto da produção da agropecuária, até porque estamos exportando menos em 2016 pela falta de produto", observou Alan Fabrício Malinski, assessor da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Mesmo considerando uma colheita total de 196 milhões de toneladas - esse número será revisto nos próximos dias -, menos que a Conab, a consultoria MacroSector , com sede na capital de São Paulo, projeta um aumento de 7% no VBP dos grãos no ano que vem, para R$ 209,7 bilhões.
Apesar de o avanço projetado pela Conab derivar sobretudo da expectativa de aumento da produtividade das culturas, para algumas delas, como a soja, também deverá haver incremento de área plantada. No total, a Conab prevê que as semeaduras das safras de verão e de inverno do ciclo 2016/17 ocuparão de 58,5 milhões a 59,7 milhões de hectares, até 2,3% mais que em 2015/16.
Do ponto de vista de volume, o destaque deverá ser a recuperação do milho, o mais golpeado pela seca e pelo calor que marcaram polos de produção do Centro-Norte do país em 2015/16. Conforme a Conab, a colheita de verão (primeira safra) 2016/17 do cereal crescerá pela primeira vez em três anos, embalada por preços mais atraentes.
Serão entre 26,3 milhões e 27,7 milhões de toneladas, segundo a autarquia, até 7,3% mais que no ciclo anterior. No caso da segunda safra, que começará a ser plantada apenas no começo do ano que vem, a Conab repetiu a área de 2015/16 (10,53 milhões de hectares), mas projetou a colheita em 56,1 milhões de toneladas, 37,3% mais na comparação.
Assim, a colheita total de milho deverá somar entre 82,34 milhões e 83,81 milhões de toneladas, aumento de até 25,7% sobre a temporada passada. Essa projeção reverberou na bolsa de Chicago ontem: as cotações dos contratos para março caíram quase 2%
Já a produção de soja, carro-chefe do agronegócio brasileiro, deverá atingir de 101,86 milhões a 104 milhões de toneladas, ante 95,4 milhões em 2015/16. A área com a oleaginosa pode crescer até 2,7%, a 34,1 milhões de hectares, enquanto a produtividade deve aumentar 6,1%.
"Mas a meteorologia está indicando, por enquanto, que poderemos ter escassez de chuvas na segunda quinzena de outubro e que a normalização poderá acontecer apenas na terceira semana de novembro. Se isso se confirmar, poderemos ter transtornos", afirmou Marcos da Rosa, presidente da Aprosoja Brasil, entidade que representa produtores.
No que tange às exportações, a entrada de divisas deverá ser bastante reforçada com o aumento expressivo nos embarques de soja e milho em 2016/17. Segundo a Conab, os embarques de soja totalizarão 57 milhões de toneladas, alta de 5,4% sobre 20151/16. No caso do milho, o incremento poderá chegar a 20%, para 24 milhões de toneladas. Mas as vendas externas de algodão em pluma tendem a diminuir quase 10% na temporada 2016/17, para 670 mil toneladas.
Para arroz e feijão, dois produtos básicos de grande importância na mesa dos brasileiros - e "vilões da inflação" principalmente no primeiro semestre deste ano, por causa de quebras de safra -, as projeções também sinalizam colheitas mais robustas na temporada atual.
A de arroz poderá atingir até 12 milhões de toneladas, ante as 10,6 milhões colhidas em 2015/16. Em relação ao feijão, a estimativa é de produção de até 3,05 milhões de toneladas, o que representaria um aumento de 21,4% na comparação, em função da expansão da área e do aumento da produtividade.
Para Neri Geller, secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, essa expectativa de maior produção de arroz e feijão indica que os preços desses itens podem recuar e pesar menos nos índices inflacionários do país no ano que vem.
"Não tenho nenhuma dúvida de que os alimentos vão pesar menos na inflação no ano que vem. A partir do momento em que entrar a safra, automaticamente os preços do feijão e do arroz, por exemplo, vão cair - e cair muito". (Colaborou Robson Sales, do Rio)
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