sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Datafolha: Crivella tem 44% e Freixo, 27%

A primeira pesquisa sobre o segundo turno no Rio mostra o candidato do PRB, Marcelo Crivella, bem à frente do adversário do PSOL, Marcelo Freixo. Segundo o Datafolha, Crivella teria hoje 44% dos votos, contra 27% de Freixo. Descontados indecisos, nulos e votos em branco, Crivella fica com 62%, e Freixo, 38%.

Crivella larga na frente

• Datafolha mostra candidato do PRB com 17 pontos de vantagem sobre Freixo, no início do 2º turno

Fernanda Krakovics, Ruben Berta Miguel Caballero - O Globo

Na primeira pesquisa de intenções de voto do segundo turno para a prefeitura do Rio, o candidato do PRB, Marcelo Crivella, aparece com 17 pontos de vantagem sobre Marcelo Freixo (PSOL), segundo o Datafolha, com 44% a 27%. Ainda de acordo com o instituto, 18% pretendem votar em branco ou anular e 10% estão indecisos.

Levando-se em conta apenas os votos válidos, excluídos os em branco e nulos, Crivella tem 62% e Freixo, 38%. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos. Foram ouvidas 1.151 pessoas ontem e anteontem. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número RJ-03497/2016.

Entre o eleitorado de candidatos derrotados no primeiro turno, Crivella tem a maior intenção de votos dos que optaram por Flávio Bolsonaro (PSC), com 69%. Informalmente, o candidato do PRB já recebeu o aval de Bolsonaro, que tem feito campanha na internet contra Freixo. O candidato do PSC ficou em quarto lugar no primeiro turno, com 14% dos votos.

Freixo, por sua vez, tem a maior intenção de voto entre o eleitorado de Jandira Feghali (PCdoB), com 57%. Ela já declarou apoio a Freixo, assim como o PT, que tinha indicado o vice na chapa da candidata do PCdoB. Jandira ficou em sétimo, com 3,34%.

Entre os entrevistados que disseram ter votado, no primeiro turno, em branco ou nulo, 60% afirmam que pretendem continuar nessa opção. Nas urnas, 18,26% votaram em branco ou anularam.

A maioria dos eleitores de Pedro Paulo (PMDB), que ficou em terceiro lugar, com 16%, pretende votar em Crivella (33%) e 28% declararam que vão votar em branco ou anular, enquanto 21% disseram preferir Freixo. O PMDB decidiu liberar seus quadros e, oficialmente, ficar neutro no segundo turno. Domingo à noite, após a divulgação do resultado da votação, Pedro Paulo sinalizou que não apoiará nenhum dos candidatos, citando “incompatibilidades”.

Entre os eleitores de Indio da Costa (PSD), 33% declararam que pretendem votar em Crivella e 26%, em Freixo. O presidente licenciado do PSD, Gilberto Kassab, orientou o partido a apoiar o candidato do PRB. A negociação avançou em reunião entre os dois na noite da última terça-feira. O anúncio oficial da aliança deverá ser feito por Indio que, segundo aliados, estava inclinado a declarar apoio a Freixo. A palavra de Kassab, porém, deverá falar mais alto. Indio recebeu 272.500 votos válidos, o equivalente a 8,99% do eleitorado carioca.

A maioria dos que optaram por Carlos Osorio (PSDB) pretende migrar para Crivella (35%), e 29% declararam que votarão em branco ou anularão: outros 26% declararam voto em Freixo.

No PSDB, líderes nacionais resistem a uma aliança com os candidatos no Rio, pois consideram que o eleitor tucano não tem afinidades com nenhuma dessas candidaturas. Avaliam que o partido se saiu bem nesta eleição, especialmente na Zona Sul, e que o melhor é manter distância da nova prefeitura e, assim, construir uma frente envolvendo PSDB, DEM e PSD para a eleição estadual em 2018. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que o partido se manterá neutro no segundo turno.

FREIXO GANHA ENTRE OS MAIS RICOS
O único cenário em que Freixo supera Crivella é na faixa dos que têm renda familiar superior a dez salários mínimos. Nesse caso, o candidato do PSOL teria 43% contra 35%. E há empate entre os dois, com 36%, entre os que cursaram ensino superior.

A intenção de voto em Crivella é inversamente proporcional ao nível de escolaridade. Ele aparece com 52% entre os que têm ensino fundamental e 46% entre os que possuem ensino médio. No recorte por renda familiar, sua maior intenção de voto é entre os que ganham até dois salários mínimos, com 49%.

Crivella tem desempenho melhor no eleitorado masculino. Nesse caso, ele teria 47% e Freixo, 25%. Entre as mulheres o candidato do PRB reduz a vantagem, com 42% a 30%. Na análise por faixa etária, o candidato do PRB se sai melhor entre os que tem de 25 a 34 anos, com 50% de intenções de voto. E Freixo entre os mais jovens, de 16 a 24 anos, com 39%.

CANDIDATOS CAUTELOSOS
Tanto Crivella quanto Freixo foram cautelosos ao comentar o resultado do Datafolha. Na liderança, o candidato do PRB disse estar “profundamente agradecido” pelo resultado:

— Não tenho palavras para expressar a gratidão diante da generosidade do povo carioca com esse servidor. Vamos agora para os debates, para consolidar esses votos — afirmou Crivella, após participar de um evento com sindicalistas.

Já Freixo afirmou que a pesquisa reflete ainda a distribuição de votos no primeiro turno e que o horário eleitoral gratuito, a ser retomado na próxima segunda-feira, fará diferença para sua candidatura:

— Essa pesquisa reflete o primeiro turno. Ainda não começou a propaganda de televisão. Houve um crescimento do Crivella, mas também houve um crescimento meu. Ela (pesquisa) mantém o padrão do que foi o primeiro turno. Amanhã (hoje) vai ter o primeiro debate (na Bandeirantes), logo em seguida começa a televisão, com dez minutos para cada um. O Crivella já é muito conhecido, eu ainda não. E a televisão vai fazer diferença para mim nesse ponto. Acredito que as próximas pesquisas já mostrem um cenário mais equilibrado — disse o candidato do PSOL, que tinha apenas 11 segundos de tempo de TV no primeiro turno, durante encontro com militantes no Club Municipal na Tijuca.

Crivella afirmou ainda que a experiência de derrotas em outras quatro eleições pode ter servido para seu amadurecimento na disputa atual pela prefeitura:

— Ter perdido quatro eleições pode ter trazido tristeza, amargura, mas trouxe crescimento. As pessoas me param na rua e dizem “agora é a hora do Crivella”.

O candidato ressaltou, porém, não considerar que a disputa esteja ganha e disse que terá de seguir com muito trabalho para que a vitória se consolide nas urnas.

Nas simulações de segundo turno entre Crivella e Freixo feitas ainda no primeiro turno, o candidato do PRB tinha 51% em 8 de setembro; oscilou para 53% no dia 21; voltou para 51% no dia 26; e caiu para 42% na véspera da votação do último domingo.

Já Freixo tinha 30% em 8 de setembro; caiu para 26% no dia 21; oscilou para 29% no dia 26; e cresceu para 37% na véspera da votação. Na última pesquisa do primeiro turno — feita após o debate da TV Globo — os dois estavam empatados tecnicamente.

Crivella e Freixo disputam cerca de 2,4 milhões de eleitores que vivem no trecho do Recreio à Zona Norte, onde, no primeiro turno, a votação foi pulverizada entre os diversos candidatos. No restante da cidade, houve domínio claro de algum candidato: Crivella, na Zona Oeste, e Freixo, na Zona Sul e na Grande Tijuca. Para atrair mais eleitores, o candidato do PRB aposta em alianças com outros partidos, e o do PSOL, em desconstruir a imagem do seu adversário.

Na internet, há uma guerra de boatos envolvendo as duas candidaturas. As campanhas decidiram acionar tanto a Justiça Eleitoral quanto a Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI) por causa das falsas acusações.

Um dos boatos que a campanha de Freixo pretende rebater é o de que ele teria dito a seguinte frase: 

“Quando for assaltado, aceite, pois o bandido é uma vítima da sociedade”, nunca dita pelo candidato do PSOL. Um site criado pela campanha de Crivella esclarece que ele também não disse que “os negros só gostam de cachaça, prostíbulo e macumba”. Na verdade, ele afirmou ter ouvido essa declaração de uma mulher na África.

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