- Folha de S. Paulo
Os candidatos à Prefeitura do Rio, Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL), propuseram ao TRE que reduzisse o seu tempo de propaganda eleitoral na disputa pelo segundo turno. Pela lei, eles dispõem agora de dois blocos diários de vinte minutos em rádio e TV e mais uma quantidade xis de inserções. Mas o TRE não quis papo, e cada um terá um total de intermináveis 55 minutos por dia, até a eleição. E por que, estranhamente, eles achavam isso demais? Porque, com tanto tempo para falar, temem se entregar para o eleitorado.
No primeiro turno, a cada programa de dez minutos compreendendo todos os candidatos, Crivella tinha 1 minuto e 11 segundos, o que o obrigava a ser conciso, objetivo e não abrir flancos polêmicos. Freixo espremia-se em menos ainda: 11 segundos — mal tinha tempo para dizer seu nome e seu número. Em comparação, Pedro Paulo, candidato do PMDB, podia se espalhar por três minutos e meio — uma enormidade, equivalente a "...E o Vento Levou", e mais ainda quando só se tinha uma alta taxa de rejeição e zero carisma para preenchê-la.
Na prática, a escassez beneficiou Crivella e Freixo. Como não dispunham de tempo para dizer o que realmente pensam fazer com a cidade, não assustaram ninguém que já não os conhecesse de outros Carnavais. Agora, com vasta minutagem a ser preenchida, terão de se expor, detalhar programas e falar de uma cidade que existe fora dos templos evangélicos e das reuniões do diretório. Arriscam-se a se trair e a revelar que, embora baseados aqui, não conhecem e não gostam do Rio.
Se é verdade que a humanidade se divide em pessoas que fingem que se levam a sério e as que fingem que não se levam, tem-se a impressão de que Freixo está no primeiro caso e Crivella, no segundo.
Como vereadores, seriam ótimos. Como prefeitos, nenhum tem a cara do Rio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário