• Candidato do PRB busca se distinguir do adversário junto a empresários
Gustavo Schmitt, Miguel Caballero - O Globo
Após um período de trégua nas campanhas, os candidatos Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL) trocaram provocações ontem ao comentarem suas visões sobre o papel do Estado na economia municipal. Ao se referir ao plano de governo do adversário, Crivella afirmou que o PSOL tem uma visão estatizante. Freixo rebateu e disse que o tom da acusação é de quem não respeita servidor público.
A discussão veio à tona após Crivella participar à tarde de um encontro com empresários na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Ao explicar suas propostas, o senador deixou claro que se o PSOL segue o modelo de estado “indutor”, adotado pelos governos de esquerda, com um viés mais desenvolvimentista, ele propõe uma articulação com o mercado por meio de parcerias público privadas (PPPs).
— O partido do meu opositor, o PSOL, tem uma outra visão de mundo, o que não ocorre conosco. Achamos que a iniciativa privada é que deve gerar empregos. O PSOL acha que os empregos devem ser gerados pelo setor estatal. Que o poder público deve arrecadar muitos impostos e fazer intervenções pesadas na atividade econômica, o que é diferente do PRB — afirmou Crivella.
Além de acentuar essa distinção, Crivella fez acenos ao empresariado ao prometer parcerias para a qualificação de mão de obra e a desburocratização de procedimentos de licenciamento para atração de empresas. Ele se apresentou como engenheiro com conhecimento da administração pública para contrastar com o que aponta como falta de experiência de seu adversário na gestão.
Em encontro com militantes de sua campanha no Club Municipal, na Tijuca, Freixo negou que seu plano de governo seja estatizante.
— Certamente, o número de empresários que vai votar em mim e que quer uma cidade com mais transparência é maior do que o que vai votar nele. Acho que o que é público pode ser bom e de qualidade, desde que tenha transparência e o servidor valorizado. Isso não é ser estatizante. Se ele não acredita no servidor público, ele que se explique com o servidor — rebateu Freixo, em entrevista.
As visões diferentes dos candidatos sobre parcerias com a iniciativa privada aparecem nas propostas dos planos de governo. Ambos concordam, porém, que o modelo precisa sofrer fiscalização rigorosa.
Crivella propõe a manutenção das Organizações Sociais na área de Saúde, desde que passem por uma auditoria. Freixo é contrário ao modelo. Ele pretende substituir progressivamente todas as formas de privatização e terceirização na Saúde: Organizações Sociais (OS), Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) e Fundações Estatais de Direito Privado, entre outras.
Em seu plano de governo, Crivella propõe criar 20 mil novas vagas em creches e 40 mil em pré-escolas até 2020 por meio de uma PPP. O parceiro privado ficaria responsável pela construção e manutenção das unidades, ao passo que o município cuidaria da parte pedagógica. Em suas propostas na seção de segurança, o candidato promete outra parceria para modernizar a iluminação pública da cidade.
Freixo, por sua vez, tem citado o setor de serviços como uma área em que pretende estimular este tipo de parceria. Segundo o candidato, 24% dos empregos para jovens são em bares e restaurantes e é preciso induzir a criação de polos gastronômicos onde há bairros com jovens desempregados.
— A iniciativa privada tem papel importante, só que os contratos e parcerias precisam atender também ao interesse público, o que não tem sido a praxe no Rio. A prefeitura pode estimular, por exemplo, polos gastronômicos, em parceria com empresários, em bairros onde há muitos jovens desempregados, por exemplo.
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