O ministro Teori Zavascki, do STF, deferiu pedido do procurador Rodrigo Janot e autorizou o fatiamento do maior inquérito da Lava Jato na Corte, o “quadrilhão”. No total, 66 pessoas são alvo agora de quatro investigações, incluindo o ex-presidente Lula e o presidente do Senado, Renan Calheiros. Os inquéritos vão apurar envolvimento de políticos de PT, PMDB e PP em organização criminosa na Petrobrás.
Teori divide ‘quadrilhão’ da Lava Jato em 4 inquéritos
• Relator da operação na Corte acolhe pedido da PGR e autoriza fatiamento de investigação que envolve 66 pessoas em núcleos políticos vinculados ao PP, PT e PMDB
Beatriz Bulla – O Estado de S. Paulo
/ BRASÍLIA - O ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, deferiu pedido feito pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e autorizou ontem o fatiamento do maior inquérito da Operação Lava Jato que tramita na Corte, o chamado “quadrilhão”. No total, 66 pessoas são alvo agora de quatro investigações, incluindo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Os quatro inquéritos vão apurar separadamente suspeitas de envolvimento de políticos de três partidos em uma organização criminosa que atuou no esquema de corrupção na Petrobrás: um procedimento é relativo ao PP, outro ao PT, um terceiro ao PMDB no Senado e o último ao PMDB na Câmara.
Ao pedir ao STF o desmembramento da investigação, Janot disse que políticos do PT, PMDB e PP usaram os partidos para “perpetração de práticas espúrias”. “Alguns membros de determinadas agremiações se organizaram internamente, utilizando-se de seus partidos e em uma estrutura hierarquizada, para perpetração de práticas espúrias. Nesse aspecto, há verticalização da organização criminosa”, escreveu.
‘Ganho de tempo’. Em março do ano passado, a Procuradoria-Geral da República entendeu que deveria se investigar de forma conjunta a atuação do núcleo político e foi aberto no Supremo um único inquérito para apurar a formação de quadrilha. Segundo Janot, no entanto, agora é necessário dividir a investigação para permitir a “otimização dos trabalhos”.
“Acredito que isso (fatiamento) proporcionará ganho de tempo, mas eu não saberia estimar quanto”, disse o ministro do STF Edson Fachin.
O inquérito relativo ao PP tem 30 alvos – entre eles o ex-ministro Aguinaldo Ribeiro, o presidente da legenda, senador Ciro Nogueira (PI), e o vice-presidente da Câmara dos Deputados, Waldir Maranhão (MA).
Já o inquérito do PT reúne 12 pessoas. Além de Lula, estão entre os alvos o ex-tesoureiro da sigla João Vaccari Neto e os ex-ministros Edinho Silva, Ricardo Berzoini, Jaques Wagner, Antonio Palocci e Erenice Guerra.
A investigação relacionada ao PMDB no Congresso tem, entre os investigados, além de Renan, os senadores Edison Lobão (MA), Romero Jucá (RR), Valdir Raupp (RO) e Jader Barbalho (PA), o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, o deputado cassado Eduardo Cunha (RJ) e o ex-ministro Henrique Eduardo Alves (RN).
Em nota, a assessoria do PP afirmou que o partido “não compactua com atos ilícitos e acredita no trabalho da Justiça para esclarecer os fatos”. Os presidentes do PP, Ciro Nogueira, do PMDB, Jucá, e do PT, Rui Falcão, não foram localizados.
Jader, investigado, acusou os procuradores de atuarem de forma seletiva. Ele questionou o fato de não haver nenhum membro do PSDB no “quadrilhão”. Segundo ele, a corrupção na Petrobrás começou no governo Fernando Henrique Cardoso. / Colaborou Julia Lindner
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