Leticia Fernandes - O Globo
• Tucano defende fundo público com intervenção do contribuinte
• Qual a vantagem de criar esse fundo público para financiar as campanhas?
O caminho para construir o futuro é a democracia, e ela tem custos. Não há almoço grátis. Se é verdade isso, você tem que ter um modelo de financiamento da democracia. Só há 3 fontes possíveis: empresas, pessoas ou algum tipo de fundo público. O Brasil real é o Brasil da Lava-Jato. É possível pensar a volta das doações empresariais? O Supremo diz que não, e a população dirá não, se consultada.
• Mas por que o senhor defende acabar com a doação de pessoas físicas?
A campanha de Bernie Sanders contra a Hillary arrecadou U$ 218 milhões pela internet, com doações médias (por pessoa) de U$ 27. Mas essa é a cultura americana, não é a brasileira. Aqui as pessoas têm expectativa de receber do sistema político e público, e não de doar. A doação de pessoa física aqui é pífia. Há exemplos como o Marcelo Freixo, mas, se você examina o que custa uma campanha de prefeito no Rio e o que ele arrecadou, é a exceção que confirma a regra. A doação de pessoa física virou, no Brasil real, o império do autofinanciamento de milionários e o caixa dois mascarado.
• E se tiver um teto de doação de pessoa física?
Pode até ter, mas vai mascarar o problema. Quem não quer cumprir a lei pega o caixa dois, o dinheiro do tráfico ou do jogo do bicho, organiza uma rede de laranjas e doa. É dificílimo, e vamos ter um nível de judicialização insuportável como herança de 2016, aguardem. Então, sobra o fundo público, com intervenção do contribuinte, como é na Alemanha. Assim você dá protagonismo ao cidadão, ele que vai dizer o que é relevante.
• Há críticas de que esse modelo beneficiaria partidos de eleitores ricos, como PSDB e DEM...
Quem disse? O queridinho da Zona Sul (do Rio) era o Freixo. Isso é uma falácia. Por que você acha que CUT e Força Sindical querem correção da tabela do Imposto de Renda? Chega de hipocrisia. Eu parti de valores reais, contabilizando o custo das eleições de 2012 e
2014.
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