Leticia Fernandes - O Globo
• Para petista, muitos brasileiros são isentos e não poderiam contribuir
• Como deve ocorrer a reforma política em discussão na Câmara?
Acho temerário se a reforma política caminhar para mudar o sistema eleitoral, acho que é capaz de não resolver o problema do financiamento. Cada um dos 513 deputados tem uma proposta diferente. Se a Câmara entrar nessa discussão agora, não resolve nada, vamos repetir o que aconteceu com o Eduardo Cunha. Acho que o que tem que ser feito nessa reforma é resolver duas questões: financiamento e cláusula de barreira e coligações.
• O que acha da proposta de criar um fundo público para financiar as campanhas?
Acho, e essa é uma opinião pessoal, que tem que ter financiamento público, mas Marcus Pestana coloca na proposta que cada pessoa pode destinar 70% do seu Imposto de Renda para o partido que quiser. Essa é uma proposta que favorece os ricos e os partidos dos ricos. Eu concordaria desde que se colocasse um percentual bem menor, tipo 30%. A maioria do povo brasileiro não paga Imposto de Renda, a maioria é isenta, então esse modelo vai favorecer o DEM, o PSDB, partidos ligados aos mais ricos.
• A proposta do Pestana então não é boa?
Vai num sentido bom, mas precisa ser muito melhorada. Acho boa (a ideia de destinar parte do Imposto de Renda ao fundo), mas tem que ser uma parte pequena. Cada pessoa pode decidir, mas não funciona para todo mundo, porque tem partido com eleitor que não declara Imposto de Renda, aí ele não destina nada? Aí essa pessoa vai pensar: o rico pode e eu não posso?
• Então essa proposta prejudicaria o PT?
Claro, porque a maioria do nosso eleitorado é pobre.
• A proposta também defende o fim da doação de pessoas físicas. O senhor é a favor?
Acho que deve se manter a doação de pessoa física dentro de um limite, não desse jeito que está hoje, que permitiu que candidatos como o João Doria (eleito prefeito de São Paulo) doassem R$ 4 milhões. Tem que ter um limite.
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