quarta-feira, 26 de julho de 2017

Alckmin recebe PSB e trabalha para tentar reduzir divisão de aliado

Por Fernando Taquari e Marina Falcão | Valor Econômico

SÃO PAULO E RECIFE - O governador paulista, Geraldo Alckmin (PSDB), deve receber hoje, no Palácio dos Bandeirantes, a cúpula do PSB. O encontro vem sendo costurado por representantes dos dois partidos, segundo pessebistas e tucanos envolvidos nas negociações.

Trata-se da segunda reunião do governador, cotado para concorrer à Presidência da República em 2018, com lideranças de outros partidos em menos de uma semana.

Anteontem Alckmin ofereceu um jantar para dirigentes do DEM, que articula o aumento de sua bancada na Câmara com parlamentares filiados ao PSB que preferem se manter fiéis ao governo Michel Temer, a despeito da posição majoritária na sigla pelo desembarque do deputado licenciado Fernando Coelho Filho do Ministério de Minas e Energia.

Alckmin deve atuar para colocar panos quentes na disputa entre DEM e PSB, dois possíveis aliados em sua eventual candidatura presidencial. A maioria dos pessebistas defendem a saída do governo Temer, na contramão da líder da bancada na Câmara, Tereza Cristina (MS), que ameaça junto com outros nove deputados deixar a legenda para permanecer na base governista.

A crise no PSB acontece às vésperas da eleição interna, em outubro, que renovará a direção partidária. O vice-governador paulista, Márcio França, secretário de Finanças da sigla e defensor da candidatura de Alckmin à presidência, é apontado como uma das possibilidades para suceder Carlos Siqueira no comando da legenda. Siqueira e França estarão no encontro.

A ascensão de França divide seus correligionários diante de sua pré-disposição em apoiar a candidatura presidencial de Alckmin no ano que vem em troca da hipótese de o vice concorrer à sucessão do tucano no governo paulista.

Além do grupo de França e Tereza, o PSB se divide em mais duas alas: os que preferem uma reaproximação com o PT e a volta às raízes mais à esquerda, liderados pela família Capiberibe e a senadora Lídice da Mata (BA), e os que pregam a independência e a candidatura própria em 2018, como o ex-deputado Beto Albuquerque, que também estará na reunião de hoje.

França e Siqueira têm feito movimentos de aproximação para reconstruir a unidade interna. Uma liderança pessebista ressalta que Siqueira tem como vantagem garantir certa independência ao PSB, enquanto França oferece perspectiva eleitoral em 2018. "Não vemos problema em conversar com o Alckmin. Se ele adotar uma linha conservadora, da velha política, é provável que o PSB se afaste dele. Mas se ele mostrar um caminho no sentido da mudança, podemos conversar dialogar e quem sabe construir algo".

Governador de Pernambuco e vice-presidente do PSB, Paulo Câmara deve comparecer ao jantar com Alckmin, depois de uma agenda com empresários pela manhã em São Paulo. Os dois têm uma boa relação e Câmara vê com bons olhos uma mediação de Alckmin para fortalecer uma união entre o PSB de São Paulo e o de Pernambuco, diz um pessebista ligado ao governador. Essa união desidrataria o movimento dissidente, reduzindo a chance de desembarque clã dos Coelho da legenda, algo que preocupa Câmara.

Da ala pernambucana, não há, a priori, nenhuma restrição a ter uma aliança com Alckmin em 2018. Ao mesmo tempo, também não há resistência ao ex-presidente Lula. "O cenário está muito aberto. Não tem um nome arrasa-quarteirão. Todo mundo está cogitando mais de uma possibilidade", diz uma liderança do PSB no Estado.

Também devem estar presentes no encontro o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg e o secretário-geral do partido, Renato Casagrande. (Colaboraram Marcelo Ribeiro e Raphael Di Cunto, de Brasília)

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