Por Fernando Taquari | Valor Econômico
SÃO PAULO - Com a expectativa de conquistar o apoio do DEM na eleição presidencial, o governador paulista, Geraldo Alckmin, procurou ontem relevar as críticas do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), ao PSDB. O tucano afirmou que diante da boa relação entre os dois partidos era preciso dar um "desconto" aos aliados.
"A gente tem que dar um desconto. Acho que [as declarações] não diminuem o respeito e a estima que temos pelos Democratas. Foram nossos parceiros no Estado esses anos todos", disse Alckmin no lançamento da campanha "trabalho sem assédio sexual", para conscientizar os servidores públicos do respeito mútuo, especialmente a mulher, no ambiente de trabalho.
Ao jornal "Folha de S. Paulo", Maia declarou que o PSDB não tem chance de vitória na corrida presidencial e classificou como negligência política uma eventual aliança nacional com os tucanos. Alckmin, porém, evitou polemizar com Maia no dia em que o parlamentar foi alçado pelo DEM a condição de candidato ao Palácio do Planalto.
De olho na possibilidade de um acordo no futuro, o tucano disse que a aspiração do DEM era legítima e que Maia tem feito um bom trabalho na Câmara e representa um "grande quadro" do partido aliado. Além disso, pregou a continuidade do diálogo entre as duas siglas ao lembrar que tinha telefonado no dia anterior para o senador Agripino Maia (RN) para parabenizá-lo pelo trabalho à frente do DEM.
Agripino foi recentemente substituído no comando da legenda pelo prefeito de Salvador, ACM Neto, a quem Alckmin prometeu procurar para garantir a permanência da parceria entre DEM e PSDB. A despeito das observações de Maia, que ainda apontou a rejeição aos tucanos na sociedade como um fardo para a campanha do governador, o tucano repetiu o discurso de que tem o que mostrar aos eleitores.
"O que nós vamos discutir é o futuro do Brasil. Eu tenho o que mostrar. Muitas vezes na política, entre o falar e o fazer existe um abismo. Nós fizemos aqui em São Paulo e em um período muito difícil", disse o governador, acrescentando que vai "suar a camisa" para chegar ao segundo turno. Questionado se Maia também teria o que apresentar na eleição, Alckmin se limitou a dizer que o presidente da Câmara é uma boa liderança da nova geração.
Sem a garantia de apoio do DEM e com o PSB cada vez mais distante, Alckmin negocia acordos com outras legendas. Na quinta-feira, o tucano deve participar, ao lado do aliado e deputado estadual Campos Machado (PTB), do lançamento da Associação de Prefeitos Petebistas no Instituto dos Engenheiros. No ato, que deve contar com a presença de Roberto Jefferson e de 160 petebistas, entre prefeitos e ex-prefeitos, a sigla vai reiterar a promessa de apoio ao presidenciável do PSDB.
Segundo Campos Machado, o PTB tem mobilizado os pré-candidatos a deputado federal e estadual no Norte e Nordeste do país em favor da pré-candidatura do tucano. "Estamos trabalhando para fazer com que ele [Alckmin] seja mais conhecido nestas duas regiões", afirmou o parlamentar. Em outra frente, a sigla discute uma união de forças com sindicatos ligados à UGT com vistas às eleições presidenciais.
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