- O Globo
Normalmente, o maior objetivo de um político é vencer a eleição. No caso de Rodrigo Maia, o desafio é diferente: convencer os outros de que vai mesmo disputá-la.
Ontem o Democratas fez um ato para lançar sua candidatura a presidente. O deputado seguiu o roteiro, mas parecia não acreditar no próprio papel. A plateia passou a mesma impressão. Ao fim do discurso, alguém tentou lançar o grito de “Ro-dri-go”, mas o coro não pegou.
Na tribuna, Maia recitou palavras grandiloquentes e se disse pronto para liderar a “reconstrução do Brasil”. Num lapso de sinceridade, admitiu que muita gente julga a promessa “impossível”. Ele aparece na lanterna de todas as pesquisas, com 1% das intenções de voto.
Na única vez em que tentou um cargo majoritário, na eleição municipal de 2012, terminou com menos de 3%.
A cerimônia teve outras passagens interessantes. O presidente da Câmara propôs “um pacto para rompermos com o que há de velho e atrasado no Estado brasileiro”. No mesmo discurso, agradeceu a presença de aliados como Romero Jucá, Ciro Nogueira e Pastor Everaldo, todos investigados ou réus na Lava-Jato.
O próprio Maia é investigado. Ele nega as acusações, mas teria que passar a campanha explicando o apelido de “Botafogo” na lista da Odebrecht.
Na véspera do lançamento, o deputado declarou que levará a candidatura “até o fim”. Quem conversa com dirigentes de seu partido ouve que o fim está próximo. Se não houver uma reviravolta, o balão de ensaio será esvaziado até o fim de junho.
O velho PFL sabe que a candidatura tem prazo de validade, mas espera usá-la para barganhar com os aliados. Se tudo der certo, voltará a ocupar a vice na chapa do PSDB. O tucano Geraldo Alckmin conhece o jogo. Ontem ele foi questionado sobre as críticas de Maia. “A gente tem que dar um desconto”, respondeu.
Cesar Maia se preocupou menos com as aparências. Na semana passada, ele disse ao “Valor Econômico” que pretende votar no governador paulista. Ao ser questionado sobre o filho, foi direto: “Ele tem que ser candidato a deputado federal.” Ontem o ex-prefeito não apareceu em Brasília. Preferiu ficar no Rio e assinar o ponto na Câmara dos Vereadores.
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