Por Marcelo Ribeiro e Fabio Murakawa | Valor Econômico
BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) disse ontem, durante a convenção nacional do DEM na qual lançou sua pré-candidatura à Presidência, que assumiu o desafio de romper "com o que há de velho e atrasado". O parlamentar tentou descolar da sua imagem o presidente Michel Temer e os escândalos que rondaram o Palácio do Planalto desde que o emedebista assumiu a Presidência.
"Assumo o desafio de romper com o que há de velho e atrasado na política. Assumo o desafio de renovar o Estado brasileiro, de combater a burocracia atrasada, o corporativismo e a ineficiência do Estado. Assumo o desafio de diminuir despesas, de fazer um verdadeiro ajuste fiscal como única forma eficaz para diminuir impostos e retomar investimentos públicos", comprometeu-se Maia. "Assumo o desafio de fazer o Brasil crescer de forma consistente e assim garantir empregos de qualidade para mudar a vida dos brasileiros, para que todos possam pagar seus carnês, seus boletos em dia, principalmente, os nossos jovens. Aceito, sim, o desafio de ser candidato à Presidência".
Ciente do movimento de Maia para dissociar sua imagem da do governo, Temer pediu que auxiliares fizessem um aceno à pré-candidatura do deputado do DEM. Cada vez mais consciente de que o MDB pode não emplacar uma candidatura própria para sucedê-lo, o presidente quer manter a porta aberta caso lhe reste como alternativa compor a chapa presidencial com o DEM. Na avaliação de auxiliares do Palácio do Planalto, "não há candidatura forte sem o apoio do MDB na chapa", em função da capilaridade da legenda e do tempo de televisão que o partido pode oferecer. "Onde estiver o MDB estará o governo", disse o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun.
Durante seu discurso na convenção nacional do DEM, o presidente nacional do MDB, senador Romero Jucá (RR) disse "estender a mão" à legenda do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e pediu "união" entre as duas siglas. "Nós temos que buscar a maior e melhor construção política para darmos ao país o seguimento de um rumo que já tomamos agora".
Maia negou os rumores de que sua pré-candidatura pode ser retirada nos próximos meses e seria apenas uma estratégia para aumentar o poder de fogo do partido no momento de negociar alianças.
"Minha candidatura vai decolar, pode escrever. Não tem plano B, pode escrever aí", disse. Nas pesquisas mais recentes, Maia parece com 1% das intenções de voto.
Para atribuir consistência às pretensões eleitorais, o presidente da Câmara listou os feitos conquistados por ele desde que assumiu a presidência da Câmara. "Votamos e aprovamos reformas importantes para o país, como a reforma trabalhista e a do ensino médio. Ainda assim, há alguns que julgam tarefa impossível construir uma candidatura competitiva para mudar o Brasil", lamentou Maia.
Mais aplaudido do que o próprio Maia, o novo presidente nacional do DEM, o prefeito de Salvador ACM Neto disse que não há um "deadline" estabelecido para que a pré-candidatura do presidente da Casa engrene.
Na avaliação dele, há espaço e tempo para que o parlamentar suba nas pesquisas de intenção de voto. "A eleição está aberta e indefinida. Ainda estamos no ponto de partida. Trabalharemos para que a candidatura ganhe musculatura".
Reconhecido por sua capacidade de aglutinar apoio de partidos da base e da oposição, Maia afirmou que não será "só o candidato do DEM". Ele afirmou que vai trabalhar para costurar alianças e ter o apoio de outros partidos. "Quero ser o candidato dos que compreendem a necessidade de renovação política. Serei candidato a mudar o Brasil. Um candidato que saberá ouvir a todos, dialogar com todas as correntes do pensamento, porque nossa tarefa passa a ser construir, até as convenções partidárias, um projeto consistente e viável para o Brasil". Também estavam presentes à pré-convenção os presidentes nacionais do PP, PRB, PSC, SD e representantes do PSDB e PR.
Apesar do perfil conciliador de Maia, aliados do presidente da Câmara admitem que há um longo caminho a percorrer e não descartam a possibilidade de ele desistir da corrida presidencial para tentar a reeleição. Segundo apurou o Valor, o DEM decidirá até junho se mantém a candidatura de Maia ou se vai compor a chapa com algum outro presidenciável. Tudo dependerá do desempenho do parlamentar nas pesquisas. Caso não chegue aos 7% nos levantamentos até o meio do ano, Maia deve recuar e se candidatar à reeleição. Se esse for o desfecho, o DEM deve passar a integrar a chapa de Alckmin. (Colaborou Andrea Jubé)
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