Êxito do leilão de aeroportos é sinal da vinda de investidores que pode ocorrer se expectativas melhorarem
Em tempos econômicos difíceis, iniciados em 2014, na campanha da presidente Dilma à reeleição — que ela e respectivos marqueteiros se desdobraram para esconder do eleitor —, um dos indicadores infalíveis da crise são os baixos volumes de investimentos.
Eles flutuam, por óbvio, em função da confiança que têm os empresários de que haverá consumo no futuro para os bens ou serviços que produzem. Neste sentido, os horizontes ficaram bastante turvos a partir daquele ano. Embora, segundo os economistas, a taxa ideal de investimentos para que o Brasil alcance um índice razoável de crescimento sustentado seja de 25% do PIB, ela encerrou o ano passado em 15,8%. Faz sentido, portanto, que o crescimento brasileiro, depois da cava recessão de 2015/16, tenha sido nos últimos dois anos na faixa de anêmico 1%. Como decorrência, há ainda 12 milhões de desempregados, que estão sendo absorvidos pelo mercado de trabalho de forma lenta, principalmente por meio de empregos informais e de salários baixos.
Mas existem bons sinais e possibilidades. É o que mostra o resultado positivo do leilão de aeroportos organizado no governo Temer e realizado na sexta-feira retrasada. Foram 12 terminais, distribuídos entre Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, em que se destacam Recife, Cuiabá e Vitória, havendo aeroportos voltados para o turismo e também os negócios — caso de Macaé, no Rio de Janeiro, muito promissor diante do crescimento da exploração de petróleo no pré-sal. Mesmo representando apenas 10% do setor brasileiro — com um movimento de 20 milhões de passageiros por ano —, o conjunto licitado arrecadouparaaUniãoR$2,37bilhões,cerca de dez vezes mais que o preço mínimo de R$ 218,7 milhões.
É um indiscutível sinal de confiança no futuro da economia, o que aumenta de importância pelo fato de o destaque do leilão ter sido a administradora espanhola de aeroportos, a Aena, que arrematou por R$ 1,9 bilhão os terminais nordestinos. Outra empresa estrangeira a participar do certame, a suíça Zurich Airport ficou com Vitória e Macaé. Há um fator externo que ajuda o Brasil: muito dinheiro em busca de investimentos seguros e rentáveis. E não só financeiros. Uma explicação está na persistência de juros muito baixos nos Estados Unidos — e o Fed, BC americano, acaba de abortar um ciclo de elevação de taxas —, bem como na Europa. Quadro que se mantém devido às incertezas quanto ao crescimento mundial.
Mas o Brasil precisa ajudar a si mesmo, aprovando o conjunto de reformas a serem apresentadas pelo Ministério da Economia ao Congresso, em que a da Previdência é a mais importante. Porém, há outras, também estratégicas, para melhorar o ambiente de negócios. Vai depender do entendimento entre governo e Congresso a vinda de novos investimentos. O leilão de aeroportos pode ter sido apenas o começo.
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