- Folha de S. Paulo
Marola tem potencial para virar um tsunami sem ideologia, sem oportunismo
Que Jair Bolsonaro tem mais sorte do que juízo já sabemos. A “balbúrdia” contra os cortes de verbas que ocorreu em várias cidades poderia ter sido muito maior se parte dos interessados em levantar a bandeira da educação, e tantas outras que seguem arriadas, não tivesse desistido de aderir aos protestos.
Muita gente simplesmente não está interessada em marchar lado a lado de bandeiras que não são as suas, mas da CUT, do MST, dos partidos políticos de esquerda, dos #lulalivre, dos que são contra a reforma da Previdência. A tal da “minoria espertalhona”, à qual o presidente se referiu, existe e sempre dá um jeito de misturar tudo num balaio e acha que todo mundo vai apoiar. Não vai.
Líderes da esquerda, como sempre, querem tirar casquinha do protagonismo dessas manifestações e não entendem que uma parte importante da população que repudia Bolsonaro, e o que ele representa, não vai andar de mãos dadas com eles em hipótese alguma. O presidente, de novo, tem sorte, pois muita gente que não gosta dele também não gosta da oposição. Mas a sorte acaba aí.
A insatisfação da sociedade é crescente em todos os segmentos, inclusive entre eleitores que apertaram o 17 em repúdio ao 13. Mas o presidente, inábil e arrogante, trata todos os manifestantes como “idiotas úteis”. Se ele olhar para além de sua militância, verá que há gente e razões de sobra para que se proteste contra seu governo.
A bandeira da educação pode servir como estopim de uma série de movimentos que agreguem pessoas com demandas diferentes que não têm tido sinal algum de resposta. A marola vista nesta quarta tem potencial para se transformar num tsunami sem ideologia, sem oportunismo.
Assim como a queda de Dilma começou com manifestações por causa de 20 centavos no transporte público e que revelaram o descontentamento generalizado da sociedade, Bolsonaro precisa entender que não são apenas os 30% da educação.
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