- O Estado de S.Paulo
A educação trouxe de volta as grandes manifestações de rua e se tornou uma espécie de símbolo da polarização política no Brasil atual. Logo ela, que foi por tanto tempo deixada pra trás, até o ponto de amargarmos o pior lugar em avaliações internacionais de aprendizado.
Com sua inabilidade para tratar de uma área estratégica para o País, o governo conseguiu estabelecer que estar do lado de Jair Bolsonaro é acreditar na doutrinação de professores, no marxismo das escolas e na balbúrdia.
Já no discurso de posse, o presidente lembrou os palanques eleitorais e falou do “desafio de enfrentar a ideologização de nossas crianças”. Seu primeiro ministro da Educação, sem nenhuma experiência em gestão pública, ganhou o posto apenas por bradar contra o “marxismo cultural”. Depois de declarações que beiravam o inacreditável, como pedir que alunos repetissem o slogan de campanha ao cantar o Hino Nacional, Ricardo Vélez Rodríguez deu lugar a Abraham Weintraub.
O novo ministro ajudou a esticar mais a corda que distancia os dois lados. Deu motivação ideológica e ofensiva aos cortes na já tão sofrida educação pública. E acabou por levar um número impressionante de pessoas ontem às ruas, no primeiro teste do governo a uma reação em massa da população.
A questão não é só dinheiro para educação, é escolher um lado político no atual cenário. E, por isso, os protestos uniram reitores e alunos, sempre rivais nas lutas do ensino superior público. Juntaram pais e professores de escolas particulares. Todos gritando “não somos idiotas”.
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