Ernesto
Araújo cumpriu sua missão com discurso vazio e agenda ultraconservadora
O
ministro Ernesto Araújo finalmente reconheceu que a chancelaria bolsonarista
não tem muitas credenciais para exibir pelo mundo. Ele disse que o
Brasil é visto como um pária internacional por sustentar uma defesa da
liberdade. “Então, que sejamos esse pária”, afirmou.
Após
pavimentar uma via para o isolamento e de infiltrar o fundamentalismo na
diplomacia brasileira, Ernesto posa de vítima de suas supostas virtudes. Numa
formatura de diplomatas, nesta quinta (22), o chanceler comemorou sua retórica
vazia e escondeu os prejuízos dessa gestão para os interesses nacionais.
O
ministro se gabou do fato de que Jair Bolsonaro e Donald Trump “foram
praticamente os únicos a falar em liberdade” na
última Assembleia Geral da ONU. Se esse é um critério relevante para a
diplomacia, o Brasil está em má companhia. O chanceler da Coreia do Norte
também pediu um mundo “livre de dominações” e defendeu a soberania dos países.
Na
cartilha internacional do bolsonarismo, a liberdade serve de slogan para o
atraso. Ernesto usa esse argumento para agir como despachante de uma agenda
religiosa, dos
interesses do atual governo dos EUA e de bandeiras da ultradireita.
Às
vezes, a liberdade fica esquecida. Nesta quinta, o Brasil se aliou a alguns dos
países mais conservadores do mundo numa
declaração em defesa da família baseada em casais heterossexuais e
contra o aborto. Nesse clube está a Uganda, onde reina a discriminação sexual e
de gênero.
Ernesto
aproveitou a cerimônia de formatura para celebrar a intolerância que levou à
perseguição do poeta João Cabral de Melo Neto, acusado de liderar uma
célula comunista no Itamaraty em 1952. O chanceler disse que o autor
escolheu “o lado errado do marxismo e da esquerda”.
Para justificar a posição marginal do Brasil, o ministro disse que talvez seja melhor ficar ao relento do que participar do “banquete do cinismo interesseiro dos globalistas”. Missão cumprida. Caso esteja sem companhia para jantar, Ernesto pode telefonar para seu colega norte-coreano.
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