Huck
e Moro são parte do problema, não a solução
A
eleição municipal traz elementos importantes para o cenário de 2022. Bolsonaro
ganhou o troféu dedo podre de
2020. Seu fracasso como cabo eleitoral mostra que ele pode ser derrotado daqui
a dois anos. Já é um começo, mas é pouco.
No
campo oposto, o desempenho de Boulos (PSOL) na cidade mais importante do país
mostra que a esquerda está viva e encontra ressonância no eleitorado. Com
apenas duas semanas até o segundo turno, o desafio de Boulos é gigante,
enquanto seu aliado preferencial, o PT, lambe as feridas de uma derrota tão
esmagadora quanto previsível no seu berço político.
Tanto
em São Paulo quanto no Rio de Janeiro a eleição municipal mostra que falta
pensamento estratégico aos partidos progressistas. E isto pode ser fatal daqui
a dois anos.
Quem
nadou de braçada foi a direita. Conquistou capitais importantes e tem chance de
ampliar as vitórias no segundo turno. O centrão, amálgama de siglas
identificadas com a rapinagem na política e o velho toma lá, dá cá, aumentou
sua presença no interior. Partidos como PSD, PP, PL e Republicanos passam a
disputar com MDB e DEM a capilaridade Brasil adentro.
A
direita já se movimenta para 2022 com alguma desenvoltura. Do seu laboratório
de feitiçarias saiu recentemente a dupla Huck-Moro,
que se apresenta como centrista, a fórmula mágica que pode encantar o
eleitorado cansado da "polarização". O animador de auditório fez seu
nome explorando a imagem da pobreza alheia na TV. Em 2018, disse que Bolsonaro
tinha uma chance de ouro de "ressignificar" a política.
Moro,
até ontem, serviu a um governo de extrema direita e a um presidente que defende
a tortura. E propôs projeto anticrime que dava a policiais uma licença para
matar sob forte emoção. Huck e Moro são parte do problema, não a solução.
Não
só o eleitor deve evitar esse tipo de embuste mas também o jornalismo, como bem
alertou a brilhante análise de Flávia Lima nesta Folha, no domingo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário