Propaganda
negativa para destruir os adversários
É
assim por toda parte, aqui e no exterior, quando o fantasma da derrota bate à
porta dos candidatos na reta final da campanha. Eles apelam para qualquer
coisa, de preferência a mentira, como derradeira arma para impedir a vitória
dos adversários.
A
seis dias do segundo turno, a disputa em São Paulo parece uma guerra travada
por monges piedosos desprovidos de armas letais se comparada com o que ocorre
de maneira particularmente dura em pelo menos duas capitais: Rio e Recife.
Campeão
nacional de rejeição entre os candidatos a prefeito das maiores cidades do
país, Marcelo Crivella (Republicanos) mandou distribuir no fim de semana 1,5
milhão de panfletos impressos em uma gráfica do Rio com pesadas acusações a Eduardo
Paes (DEM).
Acusações
que, de fato, não passam de fake news. Crivella diz que Paes é a favor da
legalização do aborto, da liberação do consumo de drogas e do uso do “kit gay”
para educar alunos da rede municipal. “Kit gay” foi invenção de Bolsonaro na
eleição de 2018.
A
mais recente pesquisa Datafolha conferiu a Paes 71% das intenções de voto
contra 29% de Crivella. Só entre os evangélicos, Crivella, bispo da Igreja
Universal, ainda vence Paes. O apoio de Bolsonaro será incapaz de salvá-lo de
uma derrota humilhante.
Nada
indica que uma derrota por diferença gigantesca esteja no radar de qualquer dos
candidatos a prefeito do Recife que restaram no páreo – João Campos (PSB),
bisneto de Miguel Arraes que governou Pernambuco três vezes, e Marília (PT),
neta.
Mas
Campos, herdeiro do pai Eduardo, que governou o Estado e morreu em um acidente
aéreo em 2014 quando concorria à presidência da República, foi ultrapassado
pela prima nas pesquisas e 10 pontos percentuais separam os dois.
A
luz vermelha acendeu para Campos. E a saída encontrada por estrategistas de sua
campanha foi desqualificar Marília. Na propaganda de televisão, ela foi acusada
de ser contra a Bíblia. Em panfletos apócrifos, de ser pau mandado do PT.
A
justiça proibiu Campos de questionar a religiosidade de Marília, católica, e
que ontem ganhou o apoio de 13 igrejas evangélicas. Quanto à suposta
subserviência de Marília ao PT, nada fez nem poderia fazer. É uma acusação
política. Ela que se defenda.
O
antipetismo no Recife é forte, e nisso Campos joga sua última cartada. Acontece
que ele e o PSB sempre foram aliados do PT. Estiveram juntos na campanha por
Lula livre e Fernando Haddad presidente. Juntos, ainda governam Pernambuco.
Do
primeiro para o segundo turno, Campos não conquistou novos apoios e viu Marília
crescer no eleitorado que votou nos candidatos da direita – Mendonça Filho
(DEM) e a Delegada Patrícia Amorim (PODEMOS), avalizada por Bolsonaro em live
no Facebook.
Esta
semana, 3 pesquisas de intenção de voto darão uma ideia de como vai o humor dos
recifenses. Ou Marília ampliará a vantagem sobre Campos ou assistiremos,
domingo, a uma apuração dramática de votos. A primeira hipótese parece mais
provável.
No
combate à Covid-19, um novo desastre se anuncia
Imunização
parcial
Enquanto
o Ministério da Saúde se cala, e os especialistas no assunto discutem se esta
ainda é a primeira ou o começo da segunda onda, só no Estado do Rio de Janeiro,
em comparação com duas semanas atrás, houve um aumento de 112% na média móvel
de casos e de 153% na de mortos pelo coronavírus.
Pelo
sexto dia consecutivo, a doença avança no Rio. Desde março passado, ali foram
infectadas 338.263 pessoas, e mortas 21.974. No país, segundo números de ontem,
o vírus já infectou 6.070.419 de pessoas, matando 169.197. Ele ganhou fôlego um
pouco em toda parte com o relaxamento das medidas de isolamento.
A
levar-se em conta o desempenho desastroso do governo federal no combate à
pandemia, o próximo desastre ganha contornos nítidos. Um total de 6,86 milhões
de testes para o diagnóstico do vírus comprados pelo Ministério da
Saúde perde a validade até janeiro. Estão estocados num armazém em
Guarulhos, São Paulo.
O
ministério informou que assinará em breve “cartas de intenção não-vinculantes”
para a compra de vacinas produzidas pela Pfizer, Janssen, Bharat Biotech, Fundo
Russo de Investimento Direto (responsável pela Sputinik V) e Moderna. Não citou
a Coronavac, a vacina chinesa aqui produzida pelo Instituto Butantã.
O
general Eduardo Pazuello, ministro da Saúde, quer evitar colidir outra vez com
o presidente Jair Bolsonaro que deu as costas à vacina chinesa porque ela será
adotada pelo governo de São Paulo. Bolsonaro elegeu o governador João Dória
(PSDB) como seu principal adversário nas eleições de 2022.
O governo federal diz haver previsão de acesso a 142,9 milhões de doses pelos contratos já firmados, o que garantiria a imunização de cerca de 30% da população brasileira. A imunização de toda a população dos Estados Unidos e dos principais países da Europa já foi garantida por seus respectivos governos.
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