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Folha de S. Paulo
O
grande vitorioso do primeiro turno dessas eleições foi o centro
PT,
Lula e Bolsonaro foram fragorosamente derrotados no primeiro turno destas
eleições de 2020. O PT pode recuperar-se um pouco no segundo turno, com a
provável vitória de Marília
Arraes em Recife, mas Lula, politicamente, acabou. Antigamente elegia
qualquer poste, hoje mais atrapalha do que ajuda. Se conseguir driblar a
Justiça e candidatar-se a presidente em 2022 será péssimo para o PT, em
particular, e para a esquerda, em geral.
Na esquerda, aliás, a principal referência partidária passa a ser o PSOL, que
pode vencer em Belém, com Edmilson Rodrigues. Mesmo que Guilherme
Boulos não seja eleito em São Paulo, sua passagem para o segundo turno
já o transformou na nova estrela vermelha. Memes da internet dão conta que os
paulistanos têm duas opções: ficar em casa ou ficar sem casa.
Se
o declínio do ex-presidente Lula tem sido exaustivamente longo, o encolhimento
de Bolsonaro é surpreendentemente precoce. O
apoio do presidente derrotou candidatos no primeiro turno e está
atrapalhando candidatos no segundo.
Bolsonaro abandonou sua fiel base ideológica para jogar-se nos braços do
volúvel centrão que, com os resultados eleitorais do primeiro turno, já o olha
torto. A derrota
do amigo Donald Tump nos EUA desnorteou ainda mais o presidente
brasileiro. Se ele continuar no rumo do desatino e da irresponsabilidade é
possível que não chegue sequer ao fim do mandato. No momento, tornou-se um
estorvo para a direita mais ponderada.
O grande vitorioso do primeiro turno dessas eleições foi o centro. Não o
centrão fisiológico, mas o centro ideológico. Eleitores preocuparam-se em fugir
dos extremos, independentemente do partido dos candidatos. A maioria dos votos
foi para centro-direita ou centro-esquerda.
Esse centro ideológico está sem referência em âmbito nacional, e pretensos
candidatos a presidente tentam ocupar o espaço. Mas o centro é um ponto de
equilíbrio, e xingar o adversário de fascista não credencia ninguém a estar lá.
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