Adeus
a Pazuello
Cabeças rolarão rolar dentro do governo para marcar a passagem de um ano infernal para outro capaz de renovar a esperança dos brasileiros em dias melhores. É sempre assim que agem os presidentes da República ao se verem em apuros uma vez que querem manter a própria cabeça no lugar.
Especialista
em logística, ministro da Saúde que sucedeu a dois médicos que insistiam em
dizer a Bolsonaro o que ele não queria ouvir, Eduardo Pazuello, posto ali para
obedecer sem discutir às ordens que viessem do alto, é uma das cabeças que
deverão rolar. É também o último general da ativa no governo.
A cobiça por seu cargo só faz crescer entre os políticos mais fisiológicos, aqueles corriqueiramente dispostos a socorrer governos enfraquecidos em troca de sinecuras. 2021 antecede 2022, ano de eleições gerais. Um ano assim serve para que os políticos façam caixa para financiar despesas futuras.
Pazuello
será degolado, mas não só por isso. Seu desempenho como ministro foi um
desastre monumental. E não importa que tenha sido um desastre por culpa, em
primeiro lugar, de quem o escolheu, mais interessado em quem lhe dissesse amém
do que em quem desse conta de enfrentar uma pandemia.
O
Brasil está cada vez mais próximo de ultrapassar a marca dos 200 mil mortos
pelo vírus, e dos 8 milhões de infectados. São números que lhe garantem um
lugar no pódio dos países mais flagelados pela doença. Não tem vacina, nem
seringas e agulhas para aplicá-la, e o orçamento da Saúde para 2021 é
deficitário.
A
coleção de erros cometidos por Pazuello e a equipe de militares carregada por
ele para o ministério detonou a fantasia de que só os oficiais com sólida
formação alcançavam o generalato. O que dele se esperava como especialista em
logística é que pelo menos disso soubesse cuidar muito bem. Como se vê, não
soube.
Poderia
ter poupado do vexame seus colegas de farda, curvando-se às pressões para que pedisse
a passagem para a reserva, mas não pediu. Fez questão de manter-se ao mesmo
tempo como ministro de Estado e membro do Estado Maior do Exército. Um pé de
cada lado do balcão. Emporcalhou a farda.
Teve
pelo menos uma oportunidade de sair por cima. Foi quando, depois de autorizado
por Bolsonaro, anunciou que o governo compraria a vacina chinesa Coronavac.
Desautorizado pelo chefe no dia seguinte, ao invés de pedir demissão,
humilhou-se: “Manda quem pode, obedece quem tem juízo”.
Ali, enterrou-se como ministro, e enterrou sua carreira dentro do Exército. Ninguém premia um oficial derrotado.
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