Todo
governo tenta tumultuar as comissões parlamentares de inquérito. Manobras
protelatórias, factoides e bate-bocas fazem parte do jogo. Mas a tropa de Jair
Bolsonaro está exagerando nas trapalhadas.
Em
duas semanas, o Planalto já acumula ao menos sete vexames na CPI da Covid. A
série começou quando o UOL publicou uma planilha da Casa Civil com 23 acusações
contra o governo. A lista foi redigida para ajudar os bolsonaristas. Ao vazar,
virou arma para a oposição.
Na semana passada, O GLOBO revelou que requerimentos assinados por senadores governistas foram produzidos em computadores da Presidência. Os registros eletrônicos mostram que os parlamentares atuaram como laranjas do capitão.
Nesta
terça, o ex-ministro Henrique Mandetta expôs mais uma lambança. O ministro
Fábio Faria enviou para o celular dele, por engano, uma pergunta que seria
feita pelos aliados de Bolsonaro.
No
dia seguinte, os governistas protagonizaram outro papelão: tentaram impedir as
representantes da bancada feminina de falar. Os senadores Ciro Nogueira e
Marcos Rogério se esforçaram para calar as colegas no grito. Foram
desautorizados até por Soraya Thronicke, uma bolsonarista de carteirinha.
O
general Eduardo Pazuello ainda não deu as caras, mas já acumula dois vexames na
CPI. Na terça, apresentou uma desculpa esfarrapada para adiar seu depoimento.
Disse que teve contato com dois coronéis contaminados, embora não tenha se
prestado a fazer um teste de Covid-19.
Ontem
o drible se transformou em escárnio. Enquanto dizia estar isolado no hotel de
trânsito do Exército, o general fujão recebeu a visita do ministro Onyx
Lorenzoni.
O
sucessor de Pazuello protagonizou a sétima trapalhada governista. Num
depoimento arrastado, Marcelo Queiroga deixou dezenas de perguntas sem
resposta. A cada enrolação, evidenciava o medo de dizer algo que desagradasse o
chefe.
“O senhor é médico, fez o juramento de Hipócrates, mas não consegue responder àquilo que eu pergunto”, protestou o senador Otto Alencar. Queiroga continuou a embromar e voltou para casa com o apelido de ministro Rolando Lero.
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