- Folha de S. Paulo
Cada vez que abre a boca, alastra a praga e
espalha veneno
Jair Bolsonaro é como o vampiro de um conto
de terror, insaciável em sua sede de sangue. Ele deu prova disso, mais uma vez,
ao tentar flexibilizar
o uso de máscaras. Para a imensa maioria da população brasileira, que não
pode se dar ao luxo do trabalho em casa e é obrigada a sair em busca do pão de
cada dia, a máscara e o álcool em gel são as duas únicas medidas de proteção,
enquanto não tem vacina para todos e, sabidamente, existe o risco de
reinfecção.
Como fazer distanciamento social em ônibus, trens e metrôs lotados? Com o nível de contaminação no Brasil, falar contra o uso de máscaras é, praticamente, tentativa de homicídio. Bolsonaro se esmera em confundir e desinformar. Esse aspecto do descontrole da pandemia entre nós foi destacado pelo médico sanitarista Claudio Maierovitch e pela microbiologista Natalia Pasternak, em depoimento à CPI da Covid. Desinformação mata.
Ambos assinalaram que uma pandemia só pode
ser controlada com grande esforço coletivo. Daí a necessidade de campanhas
permanentes de informação e esclarecimento. Bolsonaro faz o contrário. Estimula
a população a ser agente de propagação da doença.
Bolsonaro é a crise sanitária. Cada vez que
abre a boca, alastra a praga, pulveriza nuvens de pestilência, espalha veneno.
É como um experimento altamente tóxico que escapou aos controles do
laboratório. Mas, no comando do genocídio, ele não está sozinho. Tem o
inacreditável suporte do Conselho Federal de Medicina, que deveria estar na
vanguarda da defesa da ciência e da população, mas que advoga uma genérica
"autonomia médica". Lava as mãos covardemente. Vai ficar por isso
mesmo?
Quem ganhou dinheiro com a falcatrua do
"tratamento precoce" também é cúmplice da carnificina. Essa é uma
linha de investigação a ser aprofundada pela CPI. Bolsonaro tudo faz para
derrubar o nosso sistema imune, em múltiplos sentidos. O risco que corremos é o
de uma septicemia.
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