- Revista Veja
O cenário econômico é ruim para os
adversários do governo
A pandemia paralisou o tempo da vida das
pessoas. Mas acelerou o tempo da política. A eleição presidencial de 2022 já
está em curso com pré-campanha declarada por diversos candidatos.
A polarização predomina, mas não está
assegurada. Como já disse aqui mesmo, o futuro presidente será escolhido pelos
eleitores não polarizados, ou seja, aqueles que não são nem Bolsonaro nem Lula.
Ao fim do primeiro semestre devemos olhar o
futuro próximo e seus desafios no campo político. O mais óbvio é o resultado da
CPI da Pandemia, que parece delineado. O que é altamente incerto é se terá
consequência prática, além de engordar o acervo de ataques ao governo.
Pelo que se percebe da ultramidiatizada
CPI, nenhuma surpresa é esperada. As culpas já foram distribuídas a uns e
outros. Será ela prorrogada? Pode ser, mas talvez sem o impacto imaginado.
O jogo do segundo semestre vai correr em
torno da economia e da vacinação. Ambas podem gerar uma catarse coletiva que
reduzirá o impacto do debate sobre “de quem é a culpa”. Na prática, olhando os
números das pesquisas, o interesse maior é virar a página da pandemia assim que
a vacinação tiver sido ampliada.
Enquanto o noticiário é pesado na política, os sinais na economia são promissores — a ponto de considerarem possível o país crescer 5%! Fato é que, com tropeços e acertos, o Brasil se saiu melhor do que o Reino Unido na gestão econômica da crise.
“O interesse
maior é virar a página da pandemia assim que a vacinação tiver sido ampliada”
E a tendência parece ser melhorar.
Curiosamente, o ministro Paulo Guedes anda mais calado e entregando melhores
resultados. O mercado dizia, há pouco, que ele prometia muito e entregava
pouco. Agora ele começa a virar o jogo.
O noticiário pesado — e muitas vezes
indignado — sobre o governo não desestimulou o investidor, que fez a Bolsa de
Valores bater 130 000 pontos. Até
mesmo porque o investidor maduro sabe onde pisa e, paradoxalmente, confia no
Brasil.
Como manter o ritmo da retomada da
economia? A questão crucial reside na vacinação, cuja dinâmica andou errática
em maio e aos poucos adquire uma velocidade mais adequada. Com mais vacinados,
as turbinas da economia poderão funcionar com mais intensidade.
A vacinação e a retomada estão
umbilicalmente ligadas. E, como pano de fundo, o boom das commodities e o
apetite de investidores nacionais e estrangeiros pelas concessões. A
perspectiva econômica para os adversários do governo não está favorável.
Sobretudo com a real possibilidade de prorrogação do auxílio emergencial e/ou
da criação de um Bolsa Família turbinado.
O cenário pode ficar ainda melhor para a
conjuntura se o Congresso Nacional prosseguir votando temas relevantes. Caso
das regras da cabotagem, do licenciamento ambiental, das debêntures de
infraestrutura, de um novo Refis e da reforma administrativa, entre outras
matérias.
Publicado em VEJA de 16 de junho de
2021, edição nº 2742
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