O Brasil foi, de 1930 a 1980, o país com
maiores taxas de crescimento econômico, baseado em um processo de substituição de
importações, induzido fortemente pela ação do Estado. A partir dos anos de
1980, o país perdeu a rota e caiu na armadilha do baixo crescimento.
Recentemente, vivemos profunda recessão fruto dos erros de politica econômica
do Governo Dilma e agora em função da pandemia. Resultado: tivemos mais uma
década perdida de 2011 a 2020, com crescimento negativo do PIB por habitante,
ou seja, ficamos mais pobres.
Para além da superação da estagnação de curto prazo, temos que pensar com ousadia o Brasil pós-pandemia a longo prazo. Mas um aspecto é permanentemente negligenciado: a abertura externa.
Qual é a relação entre protecionismo,
competitividade, eficiência, baixa produtividade, preços de mercados
oligopolizados e comércio exterior? Poucos têm se dedicado a esta questão.
Entre eles o professor Edmar Bacha, um dos maiores economistas brasileiros e um
dos “pais do Plano Real”. Bacha produziu recente estudo intitulado “Fechamento ao
comércio e estagnação: por que o Brasil insiste?” (www.iepecdg.com.br). Como afirma o autor:
“só resta apelar para o ditado, segundo o qual água mole em pedra dura, tanto
bate até que fura, para tentar superar essa barreira cognitiva”. Consciente que
a resistência que une direita, esquerda e interesses estabelecidos é poderosa,
afirma que “quem se isolar, ficará para trás”, lembrando a desastrosa política
de reserva de mercado da informática.
O estudo aponta 12 países que, tendo em
comum a abertura externa, conseguiram atingir renda média de países ricos. São
eles: Coréia do Sul, Hong Kong, Israel, Singapura e Taiwan, através de
exportações industriais, Espanha, Grécia, Irlanda e Portugal, através do setor
de serviços, e, Austrália, Nova Zelândia, Noruega – com exportações de produtos
primários. Estes países alcançaram o patamar médio de PIB per capita anual de
43 mil dólares, três vezes mais que o Brasil, que é um dos países mais fechados
do mundo.
Edmar Bacha enxerga 5 fatores que obstruem
o caminho da abertura comercial. Primeiro, a complexidade do argumento: porque
sacrificar parte da produção e dos empregos já instalados, ainda que
ineficientes e com baixa produtividade? Em segundo lugar, a força dos
interesses que seriam contrariados. Em terceiro, o fato de os benefícios virem
a longo prazo e os custos se apresentarem à frente. Em quarto, uma leitura
histórica equivocada, como se o que deu certo no Século XX pudesse se
reproduzir no mundo atual. E por último, a incerteza de que os benefícios
virão, já que a transição penosa.
Esta terá que ser uma questão discutida na
sucessão presidencial de 2022, enquanto lutamos por reformas estruturais que melhorem
a eficiência da economia brasileira.
*Marcus Pestana, ex-deputado federal (PSDB-MG)
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