Folha de S. Paulo
Para mim, jornalismo
sempre foi oposição, independentemente da ideologia do governo; hoje é
resistência
Mais do que os artistas,
quem deve se posicionar contra o governo Bolsonaro é o jornalismo e,
consequentemente, os jornalistas. Não é uma
questão de parcialidade ou imparcialidade. A missão de informar com
isenção é um compromisso inegociável firmado com a sociedade.
Mas diante de um governo
que se mostra negligente,
incompetente e antidemocrático, não há outro senão o lugar de uma
oposição combativa por parte da imprensa. Só quem estava muito distraído para
não entender que a eleição do atual presidente seria um desastre. Que seja dado
o benefício da dúvida. Ok, acabou o tempo, não há mais dubiedade.
Jair Bolsonaro destrói o país há mais de dois anos. Meio ambiente devastado, política internacional desmoralizada, aparelhamento das polícias, educação abandonada, cultura satanizada, instituições na corda bamba. Como se não bastasse, sua política sanitária enterrou meio milhão de brasileiros.
A maioria dos veículos de
comunicação demorou a reagir às mentiras de Bolsonaro, cravando suas
declarações em manchetes, quando em inúmeras vezes a única coisa possível seria
dizer que o presidente mente. Tal qual a imprensa americana, a brasileira teve
que se adaptar a um mandatário que se vale de informações falsas para governar
ao mesmo tempo que mina a credibilidade e a relação do jornalismo com a
sociedade.
Numa guerra
declarada, ainda titubeamos ao lidar com ataques públicos, manipulação de
dados, disseminação de mentiras. Se o jornalismo não se posiciona
pelo fim deste governo, será atropelado pela barbárie bolsonarista. O que está
em jogo é a democracia e a liberdade para possa cumprir sua missão.
Criada na escola Millôr Fernandes, jornalismo para mim sempre foi oposição, independentemente da ideologia do governo. Hoje, jornalismo é resistência. Dito tudo isso, esta colunista é #elenão, #foraBolsonaro, impeachment e cadeia.
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