Blog do Noblat / Metrópoles
Se depender da CPI da Covid, o presidente
da República será acusado por mais de um crime de responsabilidade, sujeito a
impeachment
Primeiro, o presidente Jair
Bolsonaro procurou a ajuda do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da
Saúde, para salvar-se do escândalo de ter ouvido dos irmãos Miranda a denúncia
da compra da vacina indiana Covaxin a preço superfaturado e nada ter feito.
Queria que Pazuello dissesse que ele o
tinha incumbido de investigar o caso, e que a denúncia revelou-se falsa.
Pazuello não se mostrou disposto a segurar essa. O desgaste público da imagem
do general deveu-se a tantas trampolinagens que ele escondeu.
Então coube a Fernando Bezerra Coelho
(MDB-PE), líder do governo no Senado, prestar-se ao papel de mentir pelo
governo. Coelho disse aos seus pares da CPI da Covid-19 que Bolsonaro acionou
Pazuello, e que ele repassou a tarefa a Élcio Franco.
À época, fim de março último, o coronel
Élcio Franco era o secretário-executivo do Ministério da Saúde. Segundo Coelho,
ele investigou e concluiu que a história contada pelos irmãos Miranda não
procedia. A cada dia, a história só ganha traços de verdade.
Agora, o que dirá o governo depois que o nome do coronel foi citado por um representante no Brasil da empresa Davati Medical Supply que deixou de vender um lote de vacinas da AstraZeneca ao Ministério da Saúde só para não ter de pagar propina?
O representante reuniu-se com o coronel no
prédio do ministério. Sem propina, não houve negócio. Saiu dali de mãos
abanando. Segue a procura desesperada do governo por quem se disponha a tirar
Bolsonaro da embrulhada em que ele se meteu.
A batalha para que a CPI da Covid não pare
de funcionar
Se houver recesso do Congresso em julho não
haverá sessões da CPI
A recusa de Rodrigo Pacheco (DEM-MG),
presidente do Senado, em aceitar desde já o pedido de prorrogação por mais 90
dias do prazo de validade da CPI da Covid-19 tem a ver com o seu desejo de que
ela pare de funcionar durante o recesso de julho.
Com o recesso do Congresso, as atividades
da CPI serão suspensas esfriando o clima político que no momento ameaça
incendiar o governo. Pacheco se elegeu presidente do Senado com o apoio do
presidente Jair Bolsonaro. Reconhece a dívida que tem com ele.
O pedido de prorrogação do prazo da CPI foi
assinado por 35 senadores. O número mínimo de assinaturas necessário era 27. O
governo vai pressionar pela retirada de assinaturas. Ontem, uma foi retirada, a
do senador Chico Rodrigues (DEM-RO).
Sim, ele mesmo – o senador preso uma vez
pela Polícia Federal com 30 mil reais em dinheiro vivo escondido dentro da
cueca e entre as nádegas. É acusado de desviar recursos públicos destinados ao
combate à pandemia do coronavírus.
Para que o Congresso possa sair de férias, terá que votar antes a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) como manda a Constituição. Os senadores que querem prorrogar a CPI se articulam para que a lei não seja votada, impedindo assim o recesso.
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