quarta-feira, 30 de junho de 2021

Ricardo Noblat - Procura-se quem possa salvar Bolsonaro do escândalo da vacina

Blog do Noblat / Metrópoles

Se depender da CPI da Covid, o presidente da República será acusado por mais de um crime de responsabilidade, sujeito a impeachment

Primeiro, o presidente Jair Bolsonaro procurou a ajuda do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, para salvar-se do escândalo de ter ouvido dos irmãos Miranda a denúncia da compra da vacina indiana Covaxin a preço superfaturado e nada ter feito.

Queria que Pazuello dissesse que ele o tinha incumbido de investigar o caso, e que a denúncia revelou-se falsa. Pazuello não se mostrou disposto a segurar essa. O desgaste público da imagem do general deveu-se a tantas trampolinagens que ele escondeu.

Então coube a Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo no Senado, prestar-se ao papel de mentir pelo governo. Coelho disse aos seus pares da CPI da Covid-19 que Bolsonaro acionou Pazuello, e que ele repassou a tarefa a Élcio Franco.

À época, fim de março último, o coronel Élcio Franco era o secretário-executivo do Ministério da Saúde. Segundo Coelho, ele investigou e concluiu que a história contada pelos irmãos Miranda não procedia. A cada dia, a história só ganha traços de verdade.

Agora, o que dirá o governo depois que o nome do coronel foi citado por um representante no Brasil da empresa Davati Medical Supply que deixou de vender um lote de vacinas da AstraZeneca ao Ministério da Saúde só para não ter de pagar propina?

O representante reuniu-se com o coronel no prédio do ministério. Sem propina, não houve negócio. Saiu dali de mãos abanando. Segue a procura desesperada do governo por quem se disponha a tirar Bolsonaro da embrulhada em que ele se meteu.

A batalha para que a CPI da Covid não pare de funcionar

Se houver recesso do Congresso em julho não haverá sessões da CPI

A recusa de Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente do Senado, em aceitar desde já o pedido de prorrogação por mais 90 dias do prazo de validade da CPI da Covid-19 tem a ver com o seu desejo de que ela pare de funcionar durante o recesso de julho.

Com o recesso do Congresso, as atividades da CPI serão suspensas esfriando o clima político que no momento ameaça incendiar o governo. Pacheco se elegeu presidente do Senado com o apoio do presidente Jair Bolsonaro. Reconhece a dívida que tem com ele.

O pedido de prorrogação do prazo da CPI foi assinado por 35 senadores. O número mínimo de assinaturas necessário era 27. O governo vai pressionar pela retirada de assinaturas. Ontem, uma foi retirada, a do senador Chico Rodrigues (DEM-RO).

Sim, ele mesmo – o senador preso uma vez pela Polícia Federal com 30 mil reais em dinheiro vivo escondido dentro da cueca e entre as nádegas. É acusado de desviar recursos públicos destinados ao combate à pandemia do coronavírus.

Para que o Congresso possa sair de férias, terá que votar antes a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) como manda a Constituição. Os senadores que querem prorrogar a CPI se articulam para que a lei não seja votada, impedindo assim o recesso.

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