“Apresentam-se,
portanto, duas formas de "partido" que, como tais, ao que parece,
fazem abstração da ação política imediata: o partido constituído por uma elite
de homens de cultura, que têm a função de dirigir, do ponto de vista da cultura,
da ideologia geral, um grande movimento de partidos afins (que são, na
realidade, frações de um mesmo partido orgânico); e, no período mais recente, o
partido não de elite, mas de massas, que como massas não têm outra função
política senão a de uma fidelidade genérica, de tipo militar, a um centro político
visível ou invisível (frequentemente, o centro visível é o mecanismo de comando
de forças que não desejam mostrar-se sob plena luz, mas apenas operar
indiretamente por interposta pessoa e por "interposta ideologia"). A
massa é simplesmente de "manobra" e é "ocupada" com
pregações morais, incentivos sentimentais, mitos messiânicos de expectativa de
épocas fabulosas nas quais todas as contradições e misérias do presente serão
automaticamente resolvidas e sanadas.”
*Antonio Gramsci (1891-1937), Cadernos do
Cárcere, 3ª Edição, v. 3, p. 351. Editora Civilização Brasileira, 2007.
Um comentário:
É isso mesmo. Você é um pragmático! As Cartas de Cárcere dão a impressão de que o Gramsci tentava entender - e conseguiu - o que nós procuramos até hoje.
Bela série. Continue.
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