Folha de S. Paulo
Mais do que nunca, é preciso ampliar a
produção dos imunizantes
As vacinas já mostraram que reduzem
drasticamente a morbidade e a mortalidade pela Covid-19, além de diminuir a
circulação do vírus. Desenvolvidos em menos de um ano, quase todos os
biofármacos que chegaram à fase 3 de testes funcionaram —alguns
com eficácia de mais de 90%—, o que é muito mais do que sonhavam os
infectologistas no início da pandemia. A má notícia é que a imunidade conferida
pelas vacinas parece cair em alguns meses.
Um sinal eloquente disso vem de Israel, que, no fim de agosto, após experimentar um recrudescimento da epidemia, começou a oferecer uma terceira dose da Pfizer a todos os que já haviam recebido a segunda ao menos cinco meses antes. Trabalho recém-publicado no "NEJM" envolvendo mais de 1,1 milhão de israelenses de mais de 60 anos mostrou que, 12 dias ou mais após o reforço, a probabilidade de apresentar uma infecção era 11,3 vezes menor no grupo que recebeu a dose extra do que no que estava com o esquema padrão de duas doses. A chance de desenvolver um quadro severo era 19,5 vezes menor. Isso para a Pfizer.
Algo semelhante pode estar ocorrendo com a
Coronavac no Brasil. Não há um estudo publicado a sugeri-lo, mas dados de
secretarias de Saúde indicam que os casos de Covid entre médicos e enfermeiros,
que completaram o esquema vacinal em fevereiro, começaram a aumentar.
O problema é que já se desenha uma situação
em que nações de maior renda deverão oferecer reforços semestrais a ao menos
parte de suas populações, o que significa que haverá menos vacinas para os
países pobres, que ainda não ministraram a primeira dose nem a 3%. Num planeta
cuja divisão política se dá em países, é difícil imaginar um governante dizendo
que não vacinará sua própria população para ofertar imunizantes a outras
nações. Mais do que nunca, é preciso ampliar a produção. Não só a dos atuais
imunizantes mas também a dos da próxima geração, já em fase de testes.
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