Folha de S. Paulo
Para a doença causada por ele já há remédio
na Constituição
Um assunto que bomba mais no meu WhatsApp
do que política são as drogas. Aquelas vendidas em farmácia, teoricamente
controladas, para o sistema nervoso central. Que está todo mundo meio mal, não
há dúvida. E parece uma óbvia vitória que doenças mentais deixem aos poucos de
ser tabu, mas o lado sinistro dessas discussões é que não há pudor em trocar
impressões sobre tratamentos, medicamentos, efeitos colaterais.
Reportagem da jornalista Claudia Collucci, nesta Folha, mostra que a venda de antidepressivos e estabilizadores de humor tem aumentado sem parar. Em 2019, 12%. No ano seguinte, 17%. Nos primeiros cinco meses de 2021 a alta já foi de 13%.
Uma luz vermelha acendeu por aqui quando
uma amiga, adepta de namastê, lavanda e banho de mar, trocou a meditação por um
coquetel de tarjas preta e vermelha. Um conhecido contou que compra tudo pelo
celular numa farmácia que vende sem receita. Engorda? Tira libido? Dá
taquicardia? Deixa feliz? São os questionamentos nos grupos. É mais fácil a
indicação de um ansiolítico do que uma receita de pão que dê certo.
Quem sou eu para julgar? Num país com um
presidente que faz propaganda de cloroquina no palanque da ONU e seu governo,
ao que tudo indica, andou de conchavo com um plano de saúde para atochar
"kit covid" em gente idosa, quem consegue atravessar o dia com a cara
limpa só pode estar distraído.
Especialistas discutem os custos
psicológicos do isolamento, da perda de laços afetivos, do home office, do
luto, das sequelas. Qual é a conta da devastação mental causada por este
governo? Sua gestão é um pesadelo que já dura mil dias, e o efeito Bolsonaro é
desemprego, fome, má gestão da crise sanitária, economia em frangalhos, ataques
à democracia, polarização política. O brasileiro vive duas pandemias, uma de
doenças mentais causada por um verme. Para isso já há remédio na Constituição.
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