O Globo
Pesquisa da GPP mostra a intenção de votos
dos eleitores no estado para presidente, governador e senador
Uma pesquisa da GPP não
registrada na Justiça Eleitoral mostra como evoluiu a intenção de votos no Rio
de agosto do ano passado até este mês. Realizada entre os dias 21 e 24, dispõe
sobre as eleições para presidente, governador e senador. Como em todas as
pesquisas nacionais, Lula bate Bolsonaro nos dois turnos, mas por margem menos
elástica no Rio. O instituto não apresentou ao eleitor outras opções de nomes
além dos dois protagonistas, oferecendo duas alternativas: “Nem Bolsonaro e nem
Lula” e “Não sabe”. A alternativa “nem e nem” teve quatro pontos percentuais a
menos do que Lula e seis pontos a mais do que Bolsonaro.
Pela pesquisa, Lula tinha pouco
mais de quatro pontos de vantagem sobre Bolsonaro em agosto do ano passado e
empatava tecnicamente com os eleitores “nem e nem”. Em outubro, a distância
entre os dois candidatos subiu para nove pontos e manteve-se nesse patamar
agora em janeiro. A pequena vantagem de Lula no Rio reflete a força do seu
adversário no estado. Mas, se comparado ao resultado de 2018, percebe-se uma
grande reviravolta. No segundo turno, de acordo com a pesquisa da GPP, Lula
ganharia a eleição com 14 pontos de vantagem. Em 2018, Bolsonaro obteve 67,9%
dos votos contra 32,05% dados a Fernando Haddad. Sua queda em três anos é
astronômica.
Outros resultados da pesquisa
merecem uma análise que ajuda mais a entender o eleitor fluminense do que
avaliar as chances dos candidatos. No campo religioso, Lula ganha de Bolsonaro
entre os católicos e os que declaram não ter religião. Em ambos os casos, o
petista soma quase 20 pontos de vantagem. Já entre os evangélicos do Rio,
Bolsonaro lidera com folga de dez pontos percentuais. Mesmo assim, no resultado
combinado, os eleitores “nem e nem” e os que não sabem em quem vão votar somam
quase cinco pontos a mais do que o total de Lula, que supera Bolsonaro em quase
dez pontos percentuais.
No item que o GPP batizou de “Trabalho”, Lula perde por três pontos para Bolsonaro entre os autônomos, profissionais liberais e empresários. Lula ganha em todos os demais. Entre os trabalhadores com carteira assinada, supera o adversário por quatro pontos. Junto aos desempregados, ganha com 17 pontos de vantagem. E entre os que não trabalham (aposentados, do lar ou estudantes), Lula supera Bolsonaro por 12 pontos percentuais. No campo “Instrução”, Lula ganha com mais de 20 pontos entre os eleitores menos escolarizados, empata com Bolsonaro junto aos de ensino médio, e perde por três pontos entre os que têm curso superior.
Lula ganha amplamente
entre os mais pobres. Junto aos que ganham até um salário mínimo, bate seu
adversário com mais de 24 pontos de vantagem. Já entre os mais abastados,
identificados como os que recebem mais de cinco salários por mês, Bolsonaro
ganha do ex-presidente por doze pontos percentuais. Outro dado interessante da
pesquisa revela que 37,8% dos eleitores de Bolsonaro e 36,5% dos eleitores de
Lula costumam compartilhar mensagens com teor político nas redes sociais.
Para governador, a pesquisa mostra
um sobe e desce nas intenções de voto de Marcelo Freixo e uma subida
consistente nas do governador Cláudio Castro. Freixo subiu mais de um ponto
percentual entre agosto e outubro e perdeu dois agora em janeiro. Castro subiu
um ponto entre agosto e outubro e quatro de outubro para cá. A vantagem de
Castro sobre Freixo, de pouco menos de dois pontos verificada nesta pesquisa,
pode ter surgido em razão da vacilação do PT, que nas últimas duas semanas
chegou a sugerir apoiar uma candidatura própria, com André Ceciliano. A
tendência de Castro pode ser contida se Lula de fato confirmar seu apoio ao
candidato do PSB.
No caso da única vaga para
senador em disputa este ano, Romário lidera com margem de pouco menos de quatro
pontos sobre Marcelo Crivella. Exatamente, o “bispo” ameaça roubar a cadeira do
ex-jogador de futebol. O pior prefeito da história do Rio chegou a este patamar
em razão do eleitor evangélico, que também empresta majoritariamente seu apoio
a Bolsonaro, como já vimos. Mais abaixo, estão Lindbergh Farias, com oito
pontos a menos que Romário, e Alessandro Molon, dez pontos de distância do
líder nas pesquisas.
Rezando e torcendo
Nem começou e o PT já está fazendo orações
e mandingas para que o governo do chileno Gabriel Boric comece bem, acertando
mais do que errando. A torcida é que o presidente de esquerda eleito no Chile,
que assume em março, pelo menos não faça nenhuma grande bobagem para não atrapalhar a
campanha no Brasil. Lula sabe que qualquer marolinha lá vai ser usada como
exemplo do que pode acontecer aqui se ele for eleito.
Vai parar
Houve um tempo em que pessoas desonestas
ficavam apreensivas quando ouviam que uma maracutaia da sua lavra haveria de parar na
Procuradoria-Geral da República. Hoje, regozijam-se. Quando ouvem que a coisa
vai parar na PGR sabem que vai parar mesmo, estacionar, deixar de andar.
Morrer. E Augusto Aras ainda se irrita com a Transparência Internacional que
registrou piora do Brasil no ranking mundial da corrupção. Francamente.
No meu, não
Tem vários endereços a caça às bruxas
iniciada por Paulo Guedes, que ameaçou ir à Controladoria-Geral da União para
saber quem indicou quem no governo Bolsonaro, e responsabilizar cada um pelas porcarias que
vem ocorrendo na administração federal. Nenhum deles aponta o Bloco P da
Esplanada dos Ministérios, onde fica o gabinete de Guedes. A água já vai
batendo no pescoço e o ministro quer tudo, menos ser responsabilizado pela
lambança.
Ciclo completo
Tinham notas fiscais os 26 fuzis, 21
pistolas, dois revólveres, três carabinas, uma espingarda e um fuzil
apreendidos no Grajaú. As armas, que iriam abastecer o tráfico e a milícia no
Rio de Janeiro, cumpriram todo o processo de legalização estabelecido pelo
atual governo. O bandido dono do arsenal tinha 43 certificados de registro de
armas de fogo fornecidos pelo glorioso Exército brasileiro, todos com a abundante permissividade introduzida
pelo bolsonarismo. Trata-se do ciclo completo que prova para que servem os
decretos de armas e munições de Bolsonaro.
Falta de educação
Lula diz que ri de piada que já ouviu antes
para não chatear seu interlocutor. Diz que é assim que se faz política,
agregando, sendo paciente e tolerante, atendendo a pedidos de aliados, rindo de
piada velha. Pode ser, até porque rir de piada velha é sinal de boa educação.
Mas o que originou a fala foi Dilma. Lula disse que não iria aproveitar a
ex-presidente no seu governo porque ela não sabe fazer política e porque “há
gente nova no pedaço”. Chamou a companheira de velha, o que é absoluta falta de
educação. E mais, trata-se de etarismo, preconceito
contra idosos. E não me digam que Lula é velho e por isso não
pode ter este tipo de preconceito. Basta ver o exemplo do presidente da
Fundação Palmares, cujo nome não merece ser mencionado.
Café frio
O presidente do Brasil ficou cinco dias sem
agenda. Você pode chamar Bolsonaro de preguiçoso, e estará certo. Mas, não é só
isso. A agenda vazia também reflete a falta
de interesse que as pessoas e as instituições têm por este
homem. Na medida que o ano for passando, menos ainda ele terá importância.
Vide verso
Sebastião Nery iria gostar dessa, ouvida outro dia em Minas Gerais. Anos 80, numa convenção partidária em Divinópolis, cidade a pouco mais de cem quilômetros de Belo Horizonte, um mestre de cerimônia com uma lista na mão chamava um a um os oradores do dia. A certa altura, Pilinha, apelido do apresentador em razão de ser baixinho e gordinho, chamou um certo Vide Verso. Ninguém se levantou. Outra vez Pilinha exclamou “Vide Verso, venha, sua vez de falar”. Da plateia alguém soprou: “Vira a folha, Pilinha, vira a folha”, tentando alertar o locutor que certamente havia chegado ao ponto em que se informava que a lista de nomes continuava no verso. Pilinha ouviu o recado e emendou: “Ah, o Vide Verso foi embora, deixou o partido, foi para a oposição o vira folha”.
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