Folha de S. Paulo
Menos para o aposentado e o estudante;
muito mais para o centrão
O caô vem aí. Durante a campanha eleitoral,
ao ser confrontado com o desastre que é seu governo, Bolsonaro vai dizer que
não o deixaram trabalhar e depois arrolar os suspeitos de sempre: o STF, os
governadores, os prefeitos, a imprensa, sem esquecer os comunistas que, apesar
das camisas vermelhas como sangue, têm o dom de se esconder no breu das
esquinas, armados com foice e martelo.
Imagine você se ele não pudesse fazer nada,
nem passear de moto e
jet-ski, nem se engasgar com camarão na praia. Tampouco sabotar
a vacinação ou comparecer ao cercadinho num dia cujos compromissos da agenda
oficial foram todos desmarcados. Imagine se suas mãos, mesmo atadas com cordas,
não tivessem manejado a famosa caneta Bic, gastando toda a tinta dela na
destruição do país. Não teríamos, por exemplo, os vetos de Bolsonaro no
Orçamento de 2022.
Com seu jamegão, o homem que mostra tanto cuidado com nossas crianças retirou R$ 402 milhões da educação básica, afetando o programa de transporte escolar e a oferta de ensino integral (viva o homeschooling!). O Ministério da Educação sofreu no total um corte de R$ 740 milhões. Acresce o fato de que, com a pandemia, as escolas brasileiras ficaram fechadas por mais tempo do que na maioria dos países.
Bolsonaro fez sumir R$ 1 bilhão do INSS.
Pense na fila de espera pela concessão de benefícios, que já era de 1,8 milhão
de pessoas. Menos para o aposentado e o estudante, mas muito mais para os
políticos: foram mantidas as verbas do fundo eleitoral (R$ 4,9 bilhões) e do
orçamento secreto, mecanismo no qual não é especificado o destino do dinheiro
público —o que na prática oficializa a corrupção.
Caô é uma gíria que nasceu nas favelas
cariocas, muitas das quais dominadas hoje por milicianos. No caso de algum
bolsonarista não ligar o nome à pessoa, significa fraude, papo furado, conversa
fiada, mentira contada com intenção de enganar.
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