O Estado de S. Paulo
A Rússia invade a Ucrânia, o mundo reage e Bolsonaro está em outro planeta
Enquanto a Bahia afundava em dor, lama e
mortes, o presidente Jair Bolsonaro gastava R$ 900 mil para andar de jet ski no
lindo mar azul de Santa Catarina. Enquanto o mundo afunda em ameaças e
incertezas com a guerra na Ucrânia, Bolsonaro faz motociatas por aí. Para que
serve um presidente? Para curtir a vida e fazer campanha?
Na definição do ex-chanceler Celso Amorim, a posição brasileira é “esquizofrênica”. Bolsonaro lava as mãos, como quem não tem nada a ver com isso, o vice Hamilton Mourão radicaliza, defendendo o “uso da força” contra a Rússia, e o Itamaraty faz contorcionismos em busca de racionalidade.
Essa “esquizofrenia” tem origem na
incapacidade de Bolsonaro de presidir o País e na certeza de que Vladimir Putin
não invadiria a Ucrânia. Por isso, Bolsonaro manteve a ida a Moscou quando o
mundo já dava a guerra como certa e o Itamaraty não orientou os brasileiros que
vivem na Ucrânia a deixarem o país, a exemplo de vários outros.
A guerra pegou o Brasil de calças curtas.
No dia da invasão, Bolsonaro deu duas entrevistas, mas falou de futebol e não
deu uma palavra sobre Rússia e Ucrânia. À noite, desautorizou Mourão. No
meio-tempo, disse num post que estava “totalmente empenhado” em proteger os 500
brasileiros na Ucrânia.
O Itamaraty corrigiu: não era bem assim. E,
na live com Bolsonaro, o chanceler Carlos França disse que: (1) “já estamos
elaborando um plano”. Como assim? Elaborando? Já deviam ter um há muito tempo e
já começado a tirar as pessoas; (2) esperavam “condições ideais de segurança”.
Durante a guerra? Não era melhor antes?; (3) por fim, pediu “paciência”. Não é
pedir demais a quem está sob bombardeio?
Os EUA advertiram contra a ida de Bolsonaro
a Moscou, reclamaram da “solidariedade” à Rússia e pediram o voto na ONU. Em
entrevista inédita, embaixadores ou encarregados de negócios do G7 (países mais
industrializados), da União Europeia e da Ucrânia cobraram uma posição firme do
Brasil.
Apesar dos temores e de Bolsonaro, venceram
os diplomatas, os militares e a pressão internacional, e o Brasil votou contra
a Rússia no Conselho de Segurança da ONU. Depois, registrou que tentara
amenizar o texto, mas só para inglês ver. Ou melhor, para russo ver. Durante
todo o tempo e toda a tensão, o grande ausente foi... Jair Bolsonaro, que
disputa a reeleição a uma Presidência que nunca ocupou.
DIDA. Numa cobertura na Venezuela, tive
sinusite e febre alta e Dida Sampaio, apesar dos pesados equipamentos,
carregava meu laptop e minha mala e cuidava dos lugares nos eventos e no avião
militar para mim. Eternamente grata. Grande fotógrafo, querida pessoa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário