Folha de S. Paulo
Na ativa, generais são avessos a
transparência e crítica e fazem vista grossa a 'rachadinha' e fantasmas nos
gabinetes da família Bolsonaro
O mandato de Jair
Bolsonaro teve um efeito pedagógico. Serviu para que se enxergasse às
claras: Bolsonaro e generais do Exército são uma coisa só.
Ninguém modera ninguém; visões de mundo são
coincidentes; cargos e benesses pavimentam
a união.
É por isso que o general Mourão, o vice, ri
da tortura. E que o general Mattos, presidente do STM, debocha das evidências
de tortura na ditadura.
Os militares comemoram o golpe de 64.
Oficialmente. Ordens do dia foram repassadas aos quartéis pelo ministro da
Defesa; já o fizeram os generais Azevedo e Silva e Braga Netto. Comandantes,
como os generais Pujol e Paulo Sérgio, subscreveram as ordens.
Generais no Congresso, no Alto Comando ou na Amazônia pensam do mesmo jeito: antropólogos estrangeiros e ONGs estão por trás de demarcações de terras indígenas, de olho em reservas minerais. A teoria conspiratória norteia a defesa do absurdo PL que libera mineração nesses territórios.
Ataques ao STF são catalisados por
generais. Villas Bôas, quando era comandante, emparedou ministros no julgamento
que selou a prisão de Lula, em 2018. Ganhou de Bolsonaro um cargo no Planalto;
ninguém sabe o que ele faz.
Braga Netto usou o cargo de ministro da
Defesa para solapar hierarquia e disciplina quando garantiu o perdão
a Pazuello.
Como forma de incendiar a relação com o Supremo, o general batalhou pelo perdão
a Daniel Silveira.
Já o atual titular da Defesa foi para
o confronto
direto com um ministro do STF ignorando o óbvio: Bolsonaro usa o
Exército para mentir e atacar as urnas eletrônicas.
Na ativa, generais são avessos a transparência
e crítica. Na pandemia, desobrigaram a vacina, espalharam cloroquina e
liberaram máscaras antes da hora. Todo mundo faz vista grossa a 'rachadinha' e
fantasmas nos gabinetes da família Bolsonaro.
Não há mais cortina de fumaça: generais são
bolsonaristas até a medula. E isto precisa ser levado em conta pelas
instituições brasileiras diante da aproximação de outubro.
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