O Globo
Depois da série de desistências na chamada
terceira via, a semana terminou com um novo presidenciável na praça. O deputado
Luciano Bivar se lançou ao Planalto pelo recém-criado União Brasil. A
candidatura serve a muitos propósitos. Curiosamente, nenhum deles envolve vencer
a eleição.
Bivar é um homem de negócios. Em 1997,
arrematou o nanico PSL da família Tuma. Virou dono de partido, uma atividade
que sempre rendeu dividendos em época de eleição. Nove anos depois, resolveu
testar sua popularidade numa aventura presidencial. Terminou em último lugar
com 0,06% dos votos, atrás do folclórico Eymael.
O fiasco não convenceu o empresário a mudar
de ramo. Em 2018, sua insistência seria recompensada. Numa tacada de sorte,
Bivar alugou a sigla a um deputado do baixo clero que sonhava com a Presidência.
Da noite para o dia, viu sua bancada na Câmara saltar de uma para 52 cadeiras.
A ruptura com Jair Bolsonaro não afetou o empreendimento. O deputado manteve o controle sobre a sigla, os recursos do fundão e o tempo de TV. No ano passado, fundiu o PSL ao DEM, formando o União Brasil. A nova legenda se tornou a maior máquina partidária do país. Receberá quase R$ 1 bilhão para gastar em 2022.
Bivar chegou a participar de reuniões para
escolher um candidato único da tal terceira via. No fim de maio, admitiu que as
conversas não iriam “a lugar nenhum” e partiu para o voo solo, mesmo sabendo
que terá o mesmo destino.
A jogada cumpre ao menos três objetivos. O
primeiro é sepultar de vez as ambições presidenciais de Sergio Moro. O ex-juiz
já havia levado um drible do Podemos. Agora terá que se conformar com uma
candidatura a deputado ou senador.
A segunda tarefa é liberar os caciques
regionais do União Brasil. Dos quatro governadores da sigla que concorrem à
reeleição, três já declararam apoio ao atual presidente. O quarto é o goiano
Ronaldo Caiado, que prefere ficar em cima do muro na disputa nacional. Declarar
voto em Bivar, que não pontuou no último Datafolha, é a saída perfeita para não
se indispor com eleitores de Lula ou Bolsonaro. Este também é o plano de ACM
Neto na Bahia.
O terceiro propósito da candidatura de
mentirinha está ligado à especialidade de Bivar. Com R$ 956 milhões a receber
dos cofres públicos, o deputado poderá torrar uma fortuna na própria campanha
sem que falte dinheiro aos aliados nos estados. Se ele for mesmo até o fim, seu
fracasso nas urnas será uma experiência lucrativa.
Abre o olho, Guedes
Há duas semanas, Paulo Guedes declarou que
pretende continuar onde está se o capitão for reeleito: “É natural que eu
apoie, ajude e esteja lá”, disse. Falta saber se ele teria apoio para se
segurar na cadeira.
O ministro da Economia já era detestado
pelos políticos do Centrão. Agora ganhou um concorrente na visão dos militares
que cercam Bolsonaro.
Na sexta-feira, o presidente do Bradesco,
Octavio de Lazari Junior, divulgou vídeo em que exalta o “nosso Exército” e diz
sentir saudade dos tempos de recruta. Em tom de campanha, o banqueiro encerra a
gravação com um aviso: “O soldado 939 continua de prontidão”.
Um comentário:
Luciano Bivar,nunca vi na feira chupando manga,rs.
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