quinta-feira, 7 de julho de 2022

Fernando Carvalho: Desafio LED - Me dá uma luz aí!

O pessoal do LED já premiou meia dúzia de cursinhos com R$200 mil para cada um (Vide o artigo: LED Lusco-fusco na Educação). Agora propõe um desafio para estudantes universitários para apresentarem "Soluções criativas para problemas educacionais vividos em escolas ou universidades". O prêmio é de R$ 300 mil. Vou apresentar aqui a solução para um problema vivido em escolas, universidades e na sociedade. Sou pernambucano como nosso Gilvan Cavalcanti e estudei o curso primário no Grupo Escolar Amaury de Medeiros no bairro de Afogados, no Recife.

Os alunos antes de entrar na escola se reuniam no pátio de entrada em formação militar (os baixinhos na frente). E o hino nacional seguido do hino de Pernambuco era cantado. E o hino de Pernambuco terminava com a estrofe "Pernambuco é imortal, é imortal". E nós, os meninos, acrescentamos "Parararará, tim bum". A Diretora da escola ficava puta e dizia que aquilo não existia no hino. Mas toda vez que cantávamos a estrofe final era ouvida porque os meninos maiores a cantavam entre os dentes. E a diretora de onde estava não tinha como policiar a boca de dezenas de meninos. 

O problema é que a escola tinha dentista que administrava os dentes de todos os alunos. Mas a dentista se limitava a obturar dentes. Na época ela usava mercúrio que me deixou encantado ao ver um metal líquido. Então na verdade a presença de uma dentista na escola não era para resolver o problema das cáries das crianças e concretamente não passava de uma solução paliativa. Mesmo que a dentista passasse diariamente nas salas para pedir que a meninada não consumisse açúcar, o que não era feito. Pouco adiantaria porque elas consumiam açúcar nas suas casas. Seus país não sabiam que é o açúcar de cana adicionado aos alimentos que causa as cáries. 

Ainda hoje não é feita uma associação direta que seja reconhecida por todos entre açúcar e cárie dentária. E muito menos com o conjunto das doenças crônicas metabólicas e degenerativas. Mas alguns dentistas mais honestos e corajosos já o fazem. Cito aqui, extraídas do meu O Livro Negro do Açúcar, frases das doutoras Marli Pugliesi Piccolo e Glaucia Garcia do portal "Guia do Bebê": "É impossível haver cáries na ausência de açúcar". E também palavras do bravo cirurgião-dentista gaúcho Dr. Andrew Pacheco: "Se o objetivo é resolver definitivamente o problema, deveríamos optar pela eliminação total do açúcar".

É claro que esse problema não é um problema limitado às escolas e universidades. É um problema da sociedade, e convenhamos um problema de todas as sociedades, um problema mundial. Mas pode ser entendido como um problema escolar e no âmbito de uma escola pode ser atacado. No meu artigo anterior mencionei a escolinha zero açúcar daqui de Cachoeiro de Itapemirim, a escola de primeiro grau Ben Te Vi, onde o açúcar é literalmente proibido de ser adicionado ao que as crianças comem. 

 O Movimento LED quer soluções em forma de "protótipos" para ser apresentados a uma banca de jurados durante o Festival. O problema é que a banca de jurados pode ignorar as informações necessárias para até entender o problema. É aquela situação clássica em que primeiro o educador tem que ser educado. E os professores, doutores e empreendedores do LED já demonstraram que estão por fora do problema que apresento. Ou eu não teria sido liminarmente excluído de participar. Avisei que se os projetos e iniciativas contemplados pelo LED, em termos de quantidade de gente influenciada não se comparassem com a quantidade de gente que influenciei, que eu escreveria o Lusco-fusco na Educação. Não mencionei que minha obra teve duas edições de papel que se encontram esgotadas. Sendo que a primeira edição é vendida pela Estante Virtual a preço de livro raro. E que um pirata vende cópias em CD e E-book pelo Mercado Livre. O pirata até criou uma capa para meu livro que tem capa desenhada por Cassio Loredano. Mas finalizo dizendo que sou grato ao  pirata. Foi graças a ele que a professora de educação física, Ariéllen Cândido tomou conhecimento do livro e o adotou em sala de aula.

*Fernando Carvalho é historiador, formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF), autor de “Livro Negro do Açúcar

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