Revista IstoÉ
A instabilidade é parte da política do caos, típica de dirigentes como Bolsonaro
Jair Bolsonaro aponta para um Sete de Setembro com a possibilidade de confrontos de rua. Isso justamente no Bicentenário da Independência do Brasil. Seria algo impensado a um lustro atrás, porém, o País foi entrando em um ritmo de tal distopia, que as barbáries acabaram sendo paulatinamente absorvidas pelo modus vivendi da política brasileira. O volume de ataques sistemáticos às instituições, ao Estado democrático de Direito e à Constituição foram se incorporado ao parco vocabulário de Jair Bolsonaro e externados à miúde, em mais de três anos de “governo.”
O governo teve todo o tempo do mundo para
preparar a comemoração dos 200 anos do Brasil. Nada fez. O que deverá obrigar à
nova administração, que vai tomar posse a 1º de janeiro de 2023, naquele ano
comemorar os 200 anos da Independência, algo meio exótico, mas dentro da
tradição da política latino-americana, que ronda a nossa história desde os
processos independentistas, no início do século XIX. A menos de dois meses da
eleição, o País não tem certeza de que poderemos ter um processo democrático de
escolha dos novos dirigentes dos estados e da União, além dos parlamentares das
assembleias legislativos, de toda a Câmara dos Deputados e de um terço do
Senado Federal, o que não tínhamos desde 1986, antes até da promulgação da
Carta de 1988.
A instabilidade é parte da política do
caos, típica de dirigentes como Bolsonaro. A questão central é que isso agrava
ainda mais o cenário econômico nacional e que tem, internacionalmente,
perspectivas sombrias tanto em termos do comércio externo, e em disputas
geopolíticas, como no Mar da China, no Oriente Médio, na Europa Oriental. E com
terríveis reflexões na economia mundial, basta citar a UE, particularmente, a
Alemanha. Mas nada disso parece, até o momento, impactar o processo eleitoral.
As composições políticas partem, na maioria das vezes, na preservação dos que
já estão no poder nos estados. As reais forças de transformação estão ausentes.
A palavra de ordem é da conservação permitindo que diversos interesses
antirrepublicanos continuem a usufruir das benesses do Estado, mantendo, quase
sempre, intocados privilégios do que Euclides da Cunha denominava de senhores
do baraço e do cutelo. Para Jair Bolsonaro, quanto menos política, no sentido
clássico, melhor. Prefere – até por não ter condições cognitivas de travar o
embate no campo ideológico – manter a discussão no nível mais rasteiro, como em
um botequim.
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