terça-feira, 21 de janeiro de 2025

O céu é o limite - Eliane Cantanhêde

O Estado de S. Paulo

Trump: tudo para os EUA, dane-se o resto do mundo, a igualdade e a sobrevivência do planeta

Erramos todos em relação a Donald Trump. Em seu segundo mandato, ele não quer apenas fechar os EUA e dominar o mundo, mas também explorar o universo. O céu é o limite. Para alegria de Elon Musk, do X e da SpaceX, que sonha justamente com a dominação da Terra e a chegada a Marte, Trump anunciou que vai desbravar Marte e não recuou um milímetro nas suas promessas e ameaças da campanha.

Na posse, ele disse que vai declarar emergência e jogar tropas contra imigrantes na fronteira sul com o México, arrancou aplausos ao deixar claro que vai tirar os EUA de novo do Acordo de Paris, não dá a mínima para energia limpa e vai investir mundos e fundos em petróleo, gás e indústria automobilística. Não bastasse, avisou: a partir de agora, os EUA serão “cegos à cor da pele” e só terão dois gêneros, masculino e feminino.

A elite trumpista estava em êxtase na cerimônia, mas os defensores de direitos humanos, meio ambiente, causas de gênero e do grupo LGBTQIA+ no mundo afora entraram em pânico. Se a maior potência se fecha nela mesma e anda de marcha à ré na preservação do planeta e nos avanços civilizatórios, para onde caminha o mundo?

Trump tem muitas prioridades antes da América do Sul, mas convém que todas as Américas, inclusive a do Sul, olhem com prioridade para Trump, que prometeu deportar “milhões e milhões”, insistiu em mudar o nome do Golfo do México para Golfo dos EUA e tomar “de volta” o Canal do Panamá. Além de manter uma ameaça de alcance planetário: disparada da taxação das importações americanas.

Apesar de cumprimentar gentilmente Joe Biden, Trump foi duro com o governo anterior. E, se Biden concedeu centenas de indultos para alvos potenciais de Trump, Trump anunciou que vai reintegrar e pagar os salários retroativamente dos militares expulsos por se recusarem a tomar vacina da covid.

Trump prometeu interromper “o declínio” dos EUA, “devolver” a liberdade de expressão, “unificar e pacificar” o país e “nunca mais” entrar em guerras. E abriu e fechou seu discurso à la Trump: “A era de ouro dos EUA começa hoje!” Tudo para a potência, danem-se o resto do mundo, meio ambiente, diversidade, direitos humanos, países pobres, fome e miséria. Logo, a sobrevivência e o sonho de igualdade do planeta.

Em nota, Lula cumprimentou Trump, destacou os “fortes laços em diversas áreas” entre os países e lembrou a cooperação baseada “no respeito mútuo e amizade histórica”. Mais não disse nem lhe foi perguntado. Afinal, o mundo estava voltado para Washington, mas Lula estava muito ocupado com a primeira reunião ministerial do ano...

 

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