O Estado de S. Paulo
Lula escolheu o marqueteiro para ministro da
Secretaria de Comunicação. Não viria o homem, nesta altura, com a intenção de
explicar por que o governo precisará cortar gastos. Lula escolheu o cara da
propaganda de campanha eleitoral para lhe tocar a comunicação.
É como a imposição do mundo real tenta prevenir o emocionado do mercado financeiro que já quer se enamorar novamente do “futuro próximo” prometido por Haddad.
O ministro da Fazenda, defendendo o natimorto
arcabouço fiscal, disse que as regras do finado farão com que – num “futuro
próximo” – a dívida pública se estabilize e, depois, caia. A rapaziada, louca
para se apaixonar de novo, ouviu e suspirou. Acreditou. Ou deseja acreditar.
Que o governo que não controlou as despesas nos dois primeiros anos o fará na
segunda metade, em que terá vez a disputa pela reeleição.
Sempre há a possibilidade de se especular com
o otimismo.
Reafirme-se aos crentes que Haddad se referia
a esse mesmo arcabouço fiscal que está aí; esse em que o aumento recordista da
arrecadação faz subir, no mesmo compasso, os pisos de saúde e educação. Essa é
a regra fiscal, envenenada na origem, que terá os meios de reduzir a dívida
pública.
A esperança é – ainda é – livre. Idem a
instrumentalização da fé.
Não se conta mês desde que o pacotinho fiscal
de Dilma III fez os esquecidos se lembrarem de que este é o governo da PEC da
Transição. Emenda à Constituição, aprovada para raiar com 2023, definidora de
caráter. Caráter fiscalmente expansionista. Gastador. Endividador.
A fé é – ainda é – livre. E faz esquecer.
Este governo, que queria uma PEC da Transição
por ano, que fez jorrar – na largada – mais de R$ 150 bilhões para induzir o
crescimento artificial da economia, fará gestões contracionistas em seus
últimos dois anos de gestão. Fará, sim.
Lula terá o marqueteiro da campanha de 2022
como titular da Secom. Em 2025. No ano véspera do eleitoral. Não viria o homem
da propaganda para embalar um programa de austeridade fiscal.
Rui Costa, da Casa Civil, informa-nos que
começou o segundo tempo. O futuro imediato. Nele virão arreganhos parafiscais e
gambiarras para vazar ainda mais o presunto da regra fiscal – tudo quanto
possível para sustentar-empurrar artificialmente o voo de galinha até 2026,
quando Lula terá para si, como Bolsonaro em 22, uma PEC Kamikaze bancadora da
tentativa de reeleição. O Congresso não lhe faltará nessa hora.
Não se duvide de que o cidadão, comedor de
dólar, que ora não consegue comprar alcatra, ganhe para o ano eleitoral –
pulando a picanha prometida – um vale-filé mignon. O fiscalista Haddad estará
lá para celebrar-capitalizar o bem-estar.
O “futuro próximo” de Haddad, com ou sem
Haddad, ficará para 2027. •
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