De uma promessa inicial de 600 salas, programas do governo federal para a implantação de cinemas só inauguraram seis
André Miranda
A meta, anunciada em novembro de 2009 e comemorada por toda a classe cinematográfica brasileira, era de se inaugurar 600 salas de cinema em quatro anos. Porém, as medidas do governo federal para a expansão do parque exibidor do país têm tido um resultado bastante aquém do planejado. O Cinema da Cidade, um projeto voltado para municípios com população entre 20 mil e cem mil habitantes, ainda não teve orçamento aprovado no Congresso para a construção de uma única sala. Já o Cinema Perto de Você, para cidades com mais de cem mil habitantes, deu origem somente a um espaço, com seis salas, na Zona Oeste do Rio. O programa ainda sofreu um revés: uma Medida Provisória de desoneração fiscal para o setor, um dos braços do Cinema Perto de Você, não foi votada a tempo pelo Legislativo e expirou. Tudo isso significa que, das 600 salas sonhadas, o Brasil só conseguiu construir seis.
A carência nacional por cinemas é antiga e sempre apontada pelo setor como um dos grandes empecilhos para a expansão do mercado. De acordo com um levantamento do portal Filme B, o país terminou 2010 com 2.233 salas. É uma sala para cada 85 mil habitantes, uma relação ingrata em comparação com México (uma para cada 24 mil) ou EUA (um para cada sete mil).
André Miranda
A meta, anunciada em novembro de 2009 e comemorada por toda a classe cinematográfica brasileira, era de se inaugurar 600 salas de cinema em quatro anos. Porém, as medidas do governo federal para a expansão do parque exibidor do país têm tido um resultado bastante aquém do planejado. O Cinema da Cidade, um projeto voltado para municípios com população entre 20 mil e cem mil habitantes, ainda não teve orçamento aprovado no Congresso para a construção de uma única sala. Já o Cinema Perto de Você, para cidades com mais de cem mil habitantes, deu origem somente a um espaço, com seis salas, na Zona Oeste do Rio. O programa ainda sofreu um revés: uma Medida Provisória de desoneração fiscal para o setor, um dos braços do Cinema Perto de Você, não foi votada a tempo pelo Legislativo e expirou. Tudo isso significa que, das 600 salas sonhadas, o Brasil só conseguiu construir seis.
A carência nacional por cinemas é antiga e sempre apontada pelo setor como um dos grandes empecilhos para a expansão do mercado. De acordo com um levantamento do portal Filme B, o país terminou 2010 com 2.233 salas. É uma sala para cada 85 mil habitantes, uma relação ingrata em comparação com México (uma para cada 24 mil) ou EUA (um para cada sete mil).
Esses números levaram o governo a anunciar seus programas de expansão. Lançado oficialmente em junho de 2010, numa cerimônia que reuniu a classe e o então presidente Lula na cidade de Luziânia, em Goiás, o Cinema Perto de Você aliaria um crédito de R$500 milhões de verbas do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e do BNDES com a redução dos impostos para a compra de equipamentos. O financiamento foi utilizado para a construção do Cine 10 Sulacap, no Rio, e vai dar origem a um novo complexo na cidade, este em Irajá, com mais seis salas, previsto para abril. Foram as duas únicas propostas já avaliadas e aprovadas para financiamento. Há, ainda, quatro salas em análise em Minas Gerais, quatro no Ceará, 32 no Rio Grande do Sul e quatro no interior do estado do Rio.
- Durante meus 25 anos de luta, raras vezes vi uma abertura tão favorável para os exibidores como a que faz o Cinema Perto de Você. É um projeto viável, que favorece as periferias - diz Adhemar Oliveira, um dos responsáveis pelo Cine 10 Sulacap. - Mas eu vejo que é preciso azeitar as engrenagens, para dar mais agilidade ao projeto. E a Medida Provisória era fundamental para desafiar mais empreendedores a entrar no negócio.
A Medida Provisória de desoneração fiscal para cinemas foi assinada por Lula em 24 de junho de 2010. O prazo para que fosse votada no Congresso e virasse lei era 3 de novembro. Mas o recesso parlamentar por conta das eleições atrasou a pauta legislativa, e a norma caducou. Desde então, a Agência Nacional de Cinema (Ancine) trabalha para sua republicação, mas vem esbarrando na realidade econômica do novo governo, de contenção de despesas.
- Temos grandes expectativas de que o Ministério da Fazenda vai dar sinal verde para a Medida Provisória. São receitas que não impactam a União - diz Manoel Rangel, diretor-presidente da Ancine. - Quando, em junho de 2009, começamos a desenvolver o programa, não havia entre os exibidores a vontade de olhar para a classe C. Mas, um ano depois, quando lançamos o Cinema Perto de Você em Luziânia, todos eles foram lá com a gente. Hoje o dinheiro está disponível, e não falta vontade política com o projeto. Mas precisamos de tempo para dar continuidade.
Enquanto isso, o outro projeto do governo federal para a expansão do parque exibidor, o Cinema da Cidade, depende ainda mais da boa vontade política. O programa funcionaria a partir de emendas parlamentares, com deputados ou senadores destinando verbas para pequenos municípios sem salas. Apenas cinco emendas foram apresentadas, num total de R$15,7 milhões. A Ancine fez todos os planejamentos de viabilidade e até encomendou estudos para um escritório de arquitetura. Mas nenhuma das emendas foi votada.
- No Cinema da Cidade, ainda não temos recursos disponíveis, mas está tudo pronto para operar - garante Rangel. - Tivemos problemas, mas a expansão do parque exibidor ainda é prioritária para o governo. É difícil falar em novos prazos, mas nós estamos trabalhando muito para que os projetos sejam bem-sucedidos.
FONTE: O GLOBO/SEGUNDO CADERNO
- Durante meus 25 anos de luta, raras vezes vi uma abertura tão favorável para os exibidores como a que faz o Cinema Perto de Você. É um projeto viável, que favorece as periferias - diz Adhemar Oliveira, um dos responsáveis pelo Cine 10 Sulacap. - Mas eu vejo que é preciso azeitar as engrenagens, para dar mais agilidade ao projeto. E a Medida Provisória era fundamental para desafiar mais empreendedores a entrar no negócio.
A Medida Provisória de desoneração fiscal para cinemas foi assinada por Lula em 24 de junho de 2010. O prazo para que fosse votada no Congresso e virasse lei era 3 de novembro. Mas o recesso parlamentar por conta das eleições atrasou a pauta legislativa, e a norma caducou. Desde então, a Agência Nacional de Cinema (Ancine) trabalha para sua republicação, mas vem esbarrando na realidade econômica do novo governo, de contenção de despesas.
- Temos grandes expectativas de que o Ministério da Fazenda vai dar sinal verde para a Medida Provisória. São receitas que não impactam a União - diz Manoel Rangel, diretor-presidente da Ancine. - Quando, em junho de 2009, começamos a desenvolver o programa, não havia entre os exibidores a vontade de olhar para a classe C. Mas, um ano depois, quando lançamos o Cinema Perto de Você em Luziânia, todos eles foram lá com a gente. Hoje o dinheiro está disponível, e não falta vontade política com o projeto. Mas precisamos de tempo para dar continuidade.
Enquanto isso, o outro projeto do governo federal para a expansão do parque exibidor, o Cinema da Cidade, depende ainda mais da boa vontade política. O programa funcionaria a partir de emendas parlamentares, com deputados ou senadores destinando verbas para pequenos municípios sem salas. Apenas cinco emendas foram apresentadas, num total de R$15,7 milhões. A Ancine fez todos os planejamentos de viabilidade e até encomendou estudos para um escritório de arquitetura. Mas nenhuma das emendas foi votada.
- No Cinema da Cidade, ainda não temos recursos disponíveis, mas está tudo pronto para operar - garante Rangel. - Tivemos problemas, mas a expansão do parque exibidor ainda é prioritária para o governo. É difícil falar em novos prazos, mas nós estamos trabalhando muito para que os projetos sejam bem-sucedidos.
FONTE: O GLOBO/SEGUNDO CADERNO
Nenhum comentário:
Postar um comentário