Ex-senadora se irrita com manobra do presidente da sigla, José Luiz Penna, e aliados falam em novo partido
Dirigente adia troca de comando na legenda e isola ala "marineira"; Sirkis reclama de golpe e diz viver "pesadelo"
Bernardo Mello Franco
SÃO PAULO - Isolado na disputa pelo comando do PV, o grupo da ex-senadora Marina Silva entrou em confronto aberto com o presidente da sigla, José Luiz Penna, e ameaça sair para fundar outro partido.
A crise estourou anteontem, quando Penna, no cargo desde 1999, liderou manobra na Executiva Nacional da legenda para prorrogar seu mandato por mais um ano.
Derrotada, Marina protestou contra o dirigente e autorizou aliados a falar abertamente em deixar a legenda.
"Estamos vivendo um pesadelo verde", disse o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ). "Penna deu um golpe para tentar ser presidente vitalício. Se não conseguirmos mudar isso, o único caminho será fundar outro partido."
Procurados, Penna e aliados mais próximos, como o deputado Sarney Filho (PV-MA), não deram entrevista. Marina também evitou comentar a crise na sigla.
A manobra de Penna pegou a ala "marineira" de surpresa. Sem aviso prévio, Sarney sugeriu adiar para 2012 a convenção que elegeria, até julho, a nova cúpula verde.
A proposta foi aprovada por 29 votos a 16, apesar dos protestos de Marina.
Dirigente adia troca de comando na legenda e isola ala "marineira"; Sirkis reclama de golpe e diz viver "pesadelo"
Bernardo Mello Franco
SÃO PAULO - Isolado na disputa pelo comando do PV, o grupo da ex-senadora Marina Silva entrou em confronto aberto com o presidente da sigla, José Luiz Penna, e ameaça sair para fundar outro partido.
A crise estourou anteontem, quando Penna, no cargo desde 1999, liderou manobra na Executiva Nacional da legenda para prorrogar seu mandato por mais um ano.
Derrotada, Marina protestou contra o dirigente e autorizou aliados a falar abertamente em deixar a legenda.
"Estamos vivendo um pesadelo verde", disse o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ). "Penna deu um golpe para tentar ser presidente vitalício. Se não conseguirmos mudar isso, o único caminho será fundar outro partido."
Procurados, Penna e aliados mais próximos, como o deputado Sarney Filho (PV-MA), não deram entrevista. Marina também evitou comentar a crise na sigla.
A manobra de Penna pegou a ala "marineira" de surpresa. Sem aviso prévio, Sarney sugeriu adiar para 2012 a convenção que elegeria, até julho, a nova cúpula verde.
A proposta foi aprovada por 29 votos a 16, apesar dos protestos de Marina.
A ex-senadora fez um discurso duro e cobrou uma "transição democrática" no partido, de acordo com relatos ouvidos pela Folha.
Aliados de Penna sustentaram a tese de que ela é "novata" na sigla -à qual se filiou em 2009- e não foi capaz de elevar sua bancada federal, de 14 deputados.
Para Marina, a derrota pode comprometer o plano de construir uma terceira via na sucessão da presidente Dilma Rousseff, em 2014.
"Há um conflito entre os fisiológicos, que parecem ver a Marina como um estorvo, e a ala que quer renovar o partido. Agora a contradição estourou de vez", disse Sirkis.
Apesar do terceiro lugar na campanha de 2010, com 19,6 milhões de votos, a ex-senadora não tem maioria na cúpula do PV. Ela tenta pôr um "marineiro" no lugar de Penna para afastar aliados incômodos e organizar sua nova candidatura ao Planalto.
Do lado de Marina, estão verdes históricos como o ex-deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) e o ambientalista pernambucano Sérgio Xavier.
"Não dá para remar contra o tsunami da realidade. Marina é a grande liderança verde do país. Quem ignora isso está olhando para o próprio umbigo", disse o ecologista.
Os grupos de Penna e Marina já se enfrentaram no segundo turno de 2010. Ele queria apoiar José Serra (PSDB), mas foi convencido a endossar a neutralidade.
Verdes em crise
29 x 16
Foi o placar da votação na Executiva do PV que prorrogou o mandato do presidente José Luiz Penna, que concorria com Marina Silva
Grupos em disputa
"PENNISTA"
José Luiz Penna
Sarney Filho
"MARINEIRO"
Marina Silva
Alfredo Sirkis
Fernando Gabeira
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
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