Após pressão do PMDB por cargos, a presidente Dilma Rousseff decidiu que o novo líder no Congresso será o deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS). Petistas se movimentam para reverter a indicação.
Dilma dá liderança no Congresso ao PMDB para conter rebelião na base
Num momento em que o debate sobre o Código Florestal mostra desunião e fragilidade na base aliada, o nome do deputado gaúcho Mendes Ribeiro (PMDB-RS) é dado como certo para ocupar o posto e apaziguar insatisfação da sigla com o Planalto
Christiane Samarco
BRASÍLIA - Um dia depois de o PMDB aproveitar a negociação do Código Florestal para mandar recados ao Palácio do Planalto sobre a insatisfação com o preenchimento de cargos, o PT perdeu a queda de braço com o partido em torno da liderança do governo no Congresso. A presidente Dilma Rousseff decidiu que o novo líder será o deputado Mendes Ribeiro (PMDB-RS). Com a decisão, Dilma evita abrir novo foco de conflito com o PMDB num momento delicado.
Quem articulava para ganhar o cargo era o senador José Pimentel (PT-CE). O nome de Mendes Ribeiro já era cogitado desde fevereiro. Inconformados, petistas se movimentam para reverter a indicação. Enquanto não houver um anúncio oficial do Planalto, o PT vai manter seu pleito na mesa de negociações. O líder do governo no Congresso comanda sobretudo as articulações para a votação do Orçamento Geral da União.
No início da noite, o líder petista no Senado, Humberto Costa (PE), confirmou que havia um pedido antigo da bancada para que liderança no Congresso ficasse com seu partido, uma vez que o PMDB já comanda a liderança do governo no Senado. A liderança do governo na Câmara é ocupada pelo PT, com Cândido Vaccarezza (SP).
Costa lembrou, também, que o cargo estava com seu partido ao longo do último ano e meio do governo Lula, quando a atual ministra da Pesca, Ideli Salvatti, assumiu a cadeira de líder. "Além disso, o PT cresceu de lá para cá", destacou Costa, para arrematar: "Ainda estamos na expectativa para saber como vai ser".
A última peemedebista a ocupar o posto de líder do governo no Congresso foi a senadora Roseana Sarney, que hoje governa o Maranhão. Quando ela deixou a liderança para assumir o governo em 2009, o PMDB perdeu o lugar para Ideli, o que desagradou a cúpula do partido. Desde então, os peemedebistas articulam para recuperar o espaço.
A confirmação oficial do gaúcho, porém, que deve ocorrer logo, será a terceira derrota do petista José Pimentel. Ele também disputou e perdeu a vice-presidência do Senado para Marta Suplicy (PT-SP) e sua ofensiva para conseguir o comando do Ministério da Micro e Pequena Empresa não foi bem-sucedida.
Suspense. Mendes Ribeiro ainda não foi oficializado líder. "Todos me dizem que serei eu, em todos os partidos, mas ainda não recebi um comunicado do Palácio", despistou o parlamentar no final da tarde de ontem.
Segundo um dirigente do PT que acompanha o assunto, a decisão já era esperada. "A Dilma gosta muito do Mendes", justifica o petista. Exatamente por isto, avalia a mesma fonte, José Pimentel e o PT deverão absorver bem a escolha. "Não haverá problemas. O nome do Mendes encaixa bem", completa esse dirigente do PT. A mesma avaliação é compartilhada no Planalto.
Mendes Ribeiro caiu nas graças de Dilma desde os tempos da campanha presidencial. Integrante de uma regional do PMDB tradicionalmente vinculada ao PSDB, ele sustentou o apoio à petista e assumiu a frente da campanha no momento de maior dificuldade, em que o adversário tucano José Serra ameaçou derrotá-la no Estado.
Ao longo da próxima semana, Mendes Ribeiro vai substituir o líder do PMDB, deputado Henrique Alves (RN), que embarcou ontem para a Rússia. Na condição de primeiro vice-líder no exercício da liderança, ele não tem pretensão de tocar adiante a polêmica pauta de votação, emperrada em torno do novo Código Florestal.
A liderança do governo no Congresso foi invenção do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para acomodar aliados. Nasceu com baixo status, mas desde então vem sendo objeto de disputa na base governista.
FARPAS ENTRE ALIADOS
Estreia tensa
Um dia após a posse, Dilma reuniu-se com a equipe de transição, composta só por petistas, e excluiu Michel Temer. O PMDB chiou e ele passou a integrar o Conselho Político.
Avanço petista
Na disputa por cargos, o PT ocupou feudos antes dominados pelo PMDB. A disputa na Saúde gerou bate-boca entre o líder na Câmara, Henrique Alves, e o ministro Alexandre Padilha.
Reconciliação
O PMDB ensaiou uma rebelião no início, mas votou fechado a favor da proposta do Planalto de reajuste do salário mínimo de R$ 545. Foi mais fiel que o PT.
2012 à vista
Com demandas ainda não atendidas, o PMDB começa a se organizar para disputar com o PT em várias capitais. O confronto em SP será um dos principais.
FONTE: O ESTADO DE S. PAULO
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