Transparência e publicidade, esta última no sentido de dar conhecimento ao público, não de propaganda institucional, comercial ou eleitoral, têm sido termos cada vez mais empregados para tratar da relação da sociedade com os poderes instituídos.
Junto com eles vem crescendo também a realização de audiências públicas, conferências municipais, estaduais e nacionais e fóruns nos mais diversos setores e temas. Na mesma esteira, proliferam organizações correlatas no mundo virtual, os grupos de discussão, as enquetes, as petições pela internet, e por aí vai.
São movimentos salutares e importantíssimos para a ampliação da democracia porém não substituem e nem necessariamente facilitam a institucionalização de novas relações de poder e novas formas de tomada de decisão dos mandatários.
A principal fragilidade, ou força, dependendo de como se organizem, dessas novas formas de fazer política é a mesma das formas anteriores e tradicionais: a garantia da representatividade social de quem participa e de como, a partir dela, as maiorias e consensos são forjados e como são tratadas e respeitadas as minorias e os eventuais derrotados.
Não tem sido incomum, a formação de grupos de pressão e até mesmo de “profissionais” da participação nesses eventos, reais ou virtuais, que se arvoram representantes legítimos dos interesses de maiorias quando na verdade apenas possuem capacidade maior de difusão de suas posições e de ocupação de espaços.
Gritam mais.
Por outro lado, há aqueles que se negam a dar qualquer reconhecimento a essas formas novas de aferição de vontades de pessoas e grupos. São mais surdos.
Seja como for é um processo que já se iniciou e, ao que tudo indica, tornar-se-á mais e mais importante com o avanço das tecnologias e com o aumento do nível de educação e escolaridade da população. Inapelavelmente caberá à política, provavelmente através de leis, aferindo a representatividade real dos participantes, regular e estabelecer normas para que esses novos processos se dêem em benefício da coletividade e não se tornem em espaço de disputas menores, coorporativas ou personalistas ou mero palco para o extravasamento de vaidades ou para conseguir os 15 minutos de fama.
Urbano Patto é Arquiteto Urbanista, Mestre em Gestão e Desenvolvimento Regional e membro do Conselho de Ética do Partido Popular Socialista - PPS - do Estado de São Paulo. Críticas e sugestões: urbanopatto@hotmail.com
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