sábado, 6 de agosto de 2011

Presidente consultou Lula antes de substituir ministro da Defesa

Ex-presidente diz que Amorim continuará o trabalho de Jobim

Ana Flor


BRASÍLIA - A decisão da presidente Dilma Rousseff de trocar Nelson Jobim por Celso Amorim, na pasta da Defesa, foi acompanhada de perto e discutida com o ex-presidente Lula.



O tema vinha sendo tratado por Lula desde a última semana depois das declarações de Jobim sobre o voto em José Serra em 2010.



Na quinta-feira, dia em que substituiu o ministro, Dilma conversou com Lula, que havia intercedido em dezembro pela permanência de Jobim na Defesa. À época, Dilma já cogitava o nome de Amorim para o cargo.



Segundo pessoas próximas a Lula, o ex-presidente concordou que a situação havia atingido o limite e que a permanência do gaúcho no cargo era "insustentável".



No entanto, até a noite de quarta-feira, quando Dilma e Jobim tiveram uma conversa no Planalto em que ele explicou a declaração de voto em Serra, Lula defendia que ainda havia espaço para a permanência do peemedebista.



Havia alguns dias que o ex-deputado José Genoino (PT), assessor da Defesa desde janeiro, intercedia por Jobim. Ele conversou com Lula em Brasília: chegaram no mesmo carro à inauguração da Embaixada da Argentina no dia 29. Genoino também visitou Dilma no Alvorada.



A revelação de que Jobim criticou as duas ministras de Dilma em entrevista à revista "Piauí" definiu a troca. Depois da conversa com Dilma, Lula entrou em contato com Amorim, com quem sempre teve relação próxima.



O primeiro conselho foi para que ele "conversasse muito" com a cúpula das Forças Armadas. O mesmo que fez Dilma, que se reuniu com os comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica ontem mesmo, no Alvorada, antes de voar para a Bahia.


BOGOTÁ


Ontem, em Bogotá, Lula elogiou a nomeação de Amorim para o Ministério da Defesa e afirmou que a escolha da presidente Dilma Rousseff não deve ser tema de discussão nas Forças Armadas.



"Penso que quando a gente analisa a competência intelectual, a competência de homem de Estado de Celso Amorim, tem poucos iguais a ele no Brasil", disse Lula.



"Celso é politicamente muito hábil e acho que ele vai dar sequência ao trabalho extraordinário que o ministro Jobim vinha fazendo."



Questionado sobre as críticas de setores militares à nomeação do ex-chanceler, Lula respondeu: "Não sei se cabe aos militares gostarem ou não gostarem. Ou seja, quando a presidente indica uma pessoa, está indicada. Ela é chefe suprema das Forças Armadas, indicou o ministro e acabou. Não se discute".



Lula lamentou a saída de Jobim: "A presidente escolheu bem. Acho que não deveria ter acontecido o que a-conteceu. Não sei o que aconteceu com o ministro Jobim, que era altamente qualificado para o cargo, mas aconteceu. Agora é tocar o barco".



Colaborou Flávia Marreiro, enviada especial a Bogotá

FONTE: FOLHA DE S. PAULO

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